Crônicas Omne Volume 2
Capítulo 11: Vida
"Ó luz reslplandecente, contemplai as maravilhas da criação."
Poemas e planetas
Uma brisa leve soprava meu rosto, me sentia leve, como nunca antes tinha sentido, havia uma paz no ar, por um momento mantive meus olhos fechados, minhas mãos sentiam a terra, deitado de barriga para baixo, ao abrir os olhos notei que estava no topo de uma montanha, Vishnu, ao meu lado, em pé, estendeu sua mão.
_Bem-vindo ao plano astral.
Me ajudou a levantar, sentia um pressão na cabeça, James estava logo atrás, olhando a paisagem, que podia ser vista todas as direções a partir daquele ponto. Ao sul montanhas gélidas, ao leste vastos campos constituindo uma grande planície verde, ao oeste desertos rasos, e ao norte uma grande cidade.
_Aquela cidade, Gabriel, é Epísola, uma cidade-arco.
Notava-se pela sua grandeza, nunca tinha visto uma cidade tão grande assim, acredito que seja umas cinco vezes maior que a cidade de São Paulo pelo que percebi, ao longe. Possui um formato esférico, com muros mais altos que uma pessoa, em seu centro, uma torre que ultrapassava as nuvens, era visível em seu topo um disco plano, trilhos entravam entre os muros, parecia ser uma cidade importante.
_O que é uma cidade-arco? Perguntei a Vishnu.
_Em todo o plano astral, as cidade-arco é uma categoria de cidades, existem apenas sete, são as maiores cidades que existem, cada uma situada em uma subdimensão deste plano, chamado de região astral.
_Então existem sete subdimensões ou regiões astrais?
_Exatamente, aqui mesmo, onde estamos, em outra região astral não é uma montanha, pode ser um prédio, um campo, qualquer coisa.
“Entre as as categorias de cidades, existem cinco tipos: as vilas, cidades, colônias, metrópoles e cidades-arco, são, nesta ordem, o tamanho do local. As vilas são pequenas sociedades que se organizam em um bem comum, geralmente moradia ou mineração, são fáceis de serem atacadas devido a sua baixa segurança, ainda assim, não apresentam uma ameaça a alguém; Cidades foram vilas que cresceram, assemelham-se as cidades do plano físico, podendo variar seu grau de tecnologia, as vezes encontramos cidades que lembram a época de Cristo, as vezes encontramos cidades modernas, chegando a ser futurísticas, do ponto de vista dos encarnados; colônias possuem, geralmente, o mesmo tamanho que as cidades, a diferença é que servem a um propósito comum, centros hospitalares, educacionais, etc, a maioria flutua acima da atmosfera terrestre, por motivos de segurança, exceto pelas colônias das trevas, que estacionam nas profundezas do planeta; metrópoles, como o nome sugere, são grandes cidades, com propósitos variados, eram cidades que cresceram devido a necessidade de expansão; Cidades-arco são as sete maiores cidades do plano astral, em ordem da região astral, são elas: Utnam, a cidade de defesa, situam as pessoas que lutam para a preservação da ordem astral, Guiokai, a cidade industrial, nela são produzidas diversas ferramentas a serviço do cidadãos deste lado, Confugii, a cidade das migrações, é basicamente a maior cidade de moradia do astral, Epísola, a cidade comercial, Entitas, a cidade de pesquisas científicas, Ultima, a cidade administrativa e Roptan, a cidade dos portais.”
Após Vishnu explicar a estrutura das cidades do astral, James se pronunciou.
_Não vou ficar de babá de vocês.
_Você não precisa, porém gostaria de sua ajuda em uma ultima coisa, após isso, estará livre.
_Eu estou livre...o que é?
_Hotei.
_Não gosto daquele gordo.
_Não é uma questão de gosto ou não, mas você tinha uma amizade com a filha dele, não é mesmo?
_Camila? Sim e não, ela só é útil graças a seus poderes hidrocinéticos, além disso ela só tem oito anos de idade.
_Oito na aparência, ela está mais tempo aqui do que você, vamos descer.
Descemos através de escadas esculpidas na montanha, meio escorregadio devido aos musgos, pelo jeito não havia muitas pessoas que transitavam por ali. O terreno era composto por areia sólida até a entrada da cidade, nos aproximando cada vez mais, os portões estavam abertos, guardas trajando roupas incomuns, mantos cinzas, apenas vigiavam a entrada, sem questionar quem entrava ou saia, por um momento fiquei paralisado com tudo aquilo, toquei no muro, sentindo-o pelo tato, era incrível a sensação de realidade, sentia seus tijolos e pedras, sua estrutura, ranhuras e desnivelamentos.
_Isto não é um sonho?
_Não existe irreal, Gabriel, pode acreditar, aqui tudo é mais real que o plano físico.
Atravessamos a entrada, o enorme corredor ao ar livre se estendia até a torre, aos lados, feiras e casas com uma estrutura que lembra o oriente médio do plano físico, minha curiosidade a respeito daquela cidade aumentou.
_Como assim comércio?
_Você achava que o plano astral eram anjos tocando arpas em cima de nuvens?
James deu um leve sorriso de deboche graças a frase de Vishnu.
_Não de fato, mas também não achava que haveria todo um sistema de comércio aqui.
_O plano astral é muito semelhante ao físico, a diferença é que há mais aqui.
“Assim como as cidades, Epísola também possui categorização própria de suas edificações, chamado de zonas, totalizando cinco, a primeira zona são edifícios pobres, baixos, lembrando o oriente médio físico como Gabriel havia dito, encontram-se muitas feiras em tendas, e é onde há maior concentração de pessoas, geralmente com turbantes e roupas a este estilo; a quarta zona são edificações que lembram a idade média, construídas em pedra, gesso e palha, aqui aparece os primeiros mercados internos; a terceira zona lembra muito o comércio do plano físico em geral, mercados, centros comerciais e varejos; na segunda zona estão prédios muito altos, alguns arranha-céus, geralmente ficam altos comerciantes que administram vários locais comercias, a primeira zona os edifícios tornam-se diferentes, futurísticos, recobertos por luzes, tendo formatos triangulares ou esféricos, são lugares onde comercializam-se produtos de alta tecnologia.”
Entre as ruas não via somente pessoas, mas também outras criaturas, em geral, bípedes, que também trabalhavam ou compravam no comércio, a maioria tinha uma forma que misturava animais e humanos, como por exemplo, lagartos humanoides, ou mesmo serpentes, porém, havia criaturas que não achava relação com qualquer animal que tinha visto, Vishnu notou meu espanto misturado com certo medo, pois aquilo me assustou bastante.
_Estes seres foram pessoas que se deformaram ou que evoluíram por outra ramificação, na escala da evolução astral, a maioria possui comportamento semelhante aos humanos, mas outros...são totalmente diferentes, aqui no plano astral, ou você não tem discriminação e preconceito ou não conseguirá viver, pois é muito comum vivermos entre eles.
_Então esses sentimentos foram extintos do astral?
_Não exatamente, embora a maioria tente conviver uns com os outros, sempre haverá grupos que tentaram, ao máximo, evitar contato, quando isto não acontece gera conflitos violentos, motivo de haver guardas policiando a cidade.
Não estávamos indo em direção ao centro da cidade, e sim ao setor leste, o contraste entre as arquiteturas do passado e do futuro era grande, porém, misturavam-se muitas vezes, é claro, que existem aglomerados para cada zona na cidade, porém, as vezes, surge a necessidade de inovar em meio as zonas baixas. Nos aproximamos de um palácio arábico, local ao qual Vishnu queria ir, não havia muitas pessoas trabalhando ali, mas alguns guardas se incomodaram com nossa presença.
_O que vocês querem?
_Sou Vishnu, gostaríamos de falar com Hotei.
_Um momento.
O guarda fechou os olhos e entrou e um estado como se estivesse em transe, após alguns segundos, voltou ao normal.
_Podem entrar.
Não entendi o que havia acontecido, Vishnu novamente notou minha curiosidade.
_Isso foi uma comunicação telepática, o guarda perguntou a Hotei através do pensamento se podíamos entrar.
A cúpula era enorme, altamente luxuosa, muitos objetos revestidos com o que me lembrava ser ouro, porém não havia artigos a serem vendidos, uma criança, de cerca de oito anos, veio em direção a James com os braços abertos, pulou em cima dele, gritando.
_James!
_Camila, já lhe disse para não fazer isso.
_Não somos amigos?
_Somos...
Tentei prender a risada da situação, pois fora engraçado, Vishnu olhou com uma cara de desentendido.
_Gabriel, esta é Camila Lhine, a hidrocinética que falei anteriormente.
_Olá Gabriel, gostaria de ser meu amigo?
_Err...sim.
_Oba! Agora tenho três amigos!
Uma pessoa de aparência obesa se aproximou.
_O que está acontecendo aqui?
_Olha pai, acabei de fazer um novo amigo.
Olhei para Vishnu, ele fez uma expressão para manter a paciência, embora não entendia exatamente o que estava acontecendo.
_Vishnu, James, quem é o garoto?
_Olá Hotei, este é Gabriel.
Hotei começou a comer uma maçã, disfarçando a pouca importância para o que viemos fazer ali.
_Gabriel de que?
_Gabriel Egne.
Parando de comer, ele aparentou ficar um pouco apreensivo.
_Vishnu, não me diga que ele...
_Sim, ele é o irmão da Sarah.
_Ei! Como todos vocês conhecem ela?
_É uma longa história Gabriel, outro dia lhe conto.
_Vishnu, meu caro, o que lhe traz a meu humildade palácio?
_Dinheiro...e Camila.
_Entendo, porém é complicado sabe...
_Hotei...
_É a crise econômica...os saldos não vão tão bem assim...
Hotei estava tentando enrolar para não conseguir o que Vishnu desejava, James não gostou da atitude.
_Hotei seu maldito, consiga logo isso, não fique enrolando.
_Não fale assim com meu pai James.
_Não interessa.
_James, basta! Hotei, você sabe que as coisas ficaram complicadas.
_Bem, os juros de empréstimo estão lá em cima, porém...
_Porém...
_Como lhe devo uma posso conseguir dinheiro, mas o que deseja com Camila?
_Precisamos dela, como posso dizer...para uma aventura.
_Uma aventura! Posso ir pai? Posso?
_Está bem, mas cuide dela Vishnu.
_Não se preocupe.
Hotei entregou um cartão para Vishnu que me lembrou os cartões de bancos do plano físico, após isso, deu ordem para partir.
_James, você pode ir, Gabriel e Camila, venham comigo, temos algumas coisas para comprar, vão conhecer melhor o grandioso sistema comercial de Epísola.
