sábado, 27 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x05

Capítulo 5: uma casa diferente


“Arrogante aquele que tem fé sem agir, pois somente acreditar não mudará o mundo.”
O livro da ordem Vol 6 Cap 23


“Ainda não entendo, como conhece meu tio? Como sabe meu nome? Quem é você?”
“Muitas perguntas para pouco tempo, não acha Gabriel?”
“Logo estará amanhecendo...”
“Parece que entendeu, mas vou sanar algumas dúvidas suas, meu nome é Lucian, estou há muito tempo trabalhando com negócios do além, por assim dizer, me lembro de seu tio, e tenho informantes referentes aos que já participaram desse grupo.”
“O que é esse grupo?”
“Grupos, na verdade, coordeno e financio grupos de investigação ao sobrenatural, embora pertença ao meus negócios menos lucrativos, vêm demonstrando como fonte de pesquisa e informação excepcional.”
“Quando começo?”
“O grupo ao qual você irá participar é destinado para aqueles que estão iniciando sua jornada pela busca da verdade, é constituído por quatro integrantes, sendo um experiente afim de que possa ensiná-los, agora volte no fim da tarde, há muita coisa a se fazer.”
     Gabriel voltou para casa, Isabel estava preocupada.
“Isso é hora de voltar para casa?”
“Estava ocupado.”
“Fazendo o que? Buscando agora qual é o propósito da vida?”
“Não me ofenda desse jeito, estou tendo algum progresso.”
“Ah é? Como o que?”
     Gabriel se lembrou do pedido de seu tio para não contar a verdade.
“Não lhe interessa.”
“Depois eu que fico ofendendo nesta casa.”
“Estamos quites então.”
“Gabriel!”
“Tia Isabel! Estou cansado disso...por favor...me dê algum tempo, e mais que isso, algum espaço para refletir, além disso hoje são os resultados no colégio, tenho coisas a mais para me preocupar.”
     Do ponto de vista de Isabel, Gabriel estava cada vez mais parecido com Sarah. Ao chegar na escola, Gabriel foi logo receber suas notas.
“Embora seu aproveitamento escolar foi decaindo ao longo do ano, ainda conseguiu ficar acima da média, está aprovado para o terceiro ano, parabéns.
“Obrigado.”
“Espero que se esforce mais ano que vem.”
“Acredito que as coisas ficarão melhores até lá.”
      Ao entardecer, Gabriel voltou a boate, na entrada estavam quatro pessoas em frente a porta, a qual estava fechada.
“Vocês viram Lucian?”
“Ele não vai vir hoje.”
“Estava esperando por ele.”
“Espere...você é Gabriel?”
“Sim.”
“Nós somos o grupo iniciante de investigação, Lucian nos falou sobre você.”
“Somente quatro?”
“Trabalhamos em poucas pessoas por grupo, sou Alexandre, professor de biologia, aqueles são Eric, motorista profissional, Susana, estudante de física e Roberto, psiquiatra forense.”
“Psiquiatra...tenho um problema com eles.”
“Eu fiquei sabendo de seu pai naquela época, foi muito estranho, não acredito que ele realmente tenha se matado.”
“Sério?”
“Naquela época não conhecia Lucian, investiguei por conta própria, e me deparei com coisas severamente estranhas, infelizmente faltaram informações, mesmo para a minha condição atual no grupo.”
“Entendo.”
“Já está começando a anoitecer, vamos logo.”
“Que caso temos hoje?”
“Uma casa que é dita mal assombrada, nada demais.”
“Mal assombrada?”
“Nervoso Gabriel?”
“Um pouco.”
     Ao chegarem na casa, estava suja, a família era de imigrantes de Israel, estavam assustados, crianças choravam, Alexandre conversava com eles enquanto sons de mesas rugindo vinham de um quarto ao lado da cozinha.
“Eles disseram que esses sons já começaram faz alguns dias, assustam as crianças e está alterando a situação psicológica dos adultos.”
“E o que vamos fazer?”
“Investigar, é para isso que estamos aqui, Roberto, fique na porta como vigia, não deixe nada escapar, Susana, procure por vestígios de vermes astrais nas pessoas, Gabriel, venha comigo.”
     Ao entrarem no quarto, a cadeira de balanço movimentava-se, a mesa ecoava um som como se estivesse sendo entortada, Gabriel engoliu a própria saliva.
“Não tema Gabriel.”
     Alexandre retirou de sua mochila um pote de sal fino, jogando uma porção em cada canto do ambiente, explicou que certas energias das trevas acumulam-se nos cantos perpendiculares, o sal permite que possa circular tais energias. Após alguns minutos os sons foram reduzidos drasticamente, foi novamente Alexandre a retirar algo da mochila, desta vez um giz e uma vela, desenhando um pentagrama com um círculo no centro no chão, posicionando a vela entre as cinco pontas, acendeu a vela e pronunciou algumas palavras.
“Que a luz vos guie.”
     Gabriel ouviu vozes como sopros e logo todo o som havia desaparecido.
“Pronto.”
“Como assim?”
“Terminamos, os espíritos não eram das trevas, pois, ao jogar sal nos cantos, o som nos móveis foram reduzidos, nada mais são do que consciências perdidas, precisando de ajuda, com certeza a visão deles deve estar muito afetada pela escuridão, por isso a vela, a luz guia entre a escuridão e frio, ao se aproximarem acabam aumentando sua frequência, indo para outro plano de existência, o plano astral.”
“E o que acontecerá com eles?”
“Isto cabe somente aos pensamentos deles.”
     Ao saírem da sala, Roberto havia confortado as pessoas, Eric aplicou um passe energético para limpar as impurezas, Susana não encontrou nenhum verme astral.
“Está tudo certo então, vou reportar ao Lucian, quanto a vocês, podem ir para casa.”
“E agora?” Perguntou Gabriel.
“Por enquanto continue apenas observando, há muito a se aprender sobre tratamento com consciências de outros planos de existência, o que achou?”
“Foi interessante, com certeza estarei de volta na próxima investigação.”
“Então está tudo bem, vejo você logo.”

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Omne Quo 3

Omne Quo 3: a religião de Emacnu



“Pois aqueles que receberam a benção possuem uma dívida com o guia para o paraíso eterno.”
Sacerdote emacnuísta

     Emacaenuxe em Omadae ou Emacnuísmo é uma religião criada por Huncamé, conhecido como Emacnu, com o objetivo de atrair pessoas afim de obter, como real propósito, a energia ectoplasmática, os fiéis recebem um presente, como a cura de uma doença, a obtenção de um bem, a conquista de um amor, para receber sua confiança.
     A religião propaga que Emacnu guia os fiéis ao paraíso após a morte do corpo físico, como uma proposta dos sacerdotes, os crentes devem ceder algum bem material afim de conquistar a confiança da entidade.
     O templo religioso lembra uma catedral medieval, simbolizado pela máscara maia e a lança, dentro do local há pinturas de muralhas na cúpula, representando a proteção dos mortos pelo ser.
     Os servos de Huncamé realizam uma reestruturação nas mentes dos religiosos, afim de não conseguir perceberem ou libertarem-se da verdade, através de técnicas medicinais das trevas, onde vermes astrais são implantados liberando uma energia hipnótica.
    Ainda que não representa uma ameaça real para o mundo, o Emacnuísmo é perigoso, seus métodos inapropriados e cada vez mais pessoas são atraídas e manipuladas, onde o propósito de Huncamé para o ectoplasma continua desconhecido.

sábado, 20 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x04

Capítulo 4: Investigação

"Somente os curiosos são merecedores do conhecimento."
O livro da ordem Vol 9 Cap 9


“O que está acontecendo comigo?”
     Gabriel imagina se não estaria sonhando após os eventos recentes, não acredita em milagres, portanto pensa que há algo errado, tentando achar uma forma em como explicar para sua tia sua capacidade de mover-se novamente. O fato é que nem tudo pode ser explicado pela lógica e ainda que possa ferir nossa mente, parte do universo existe somente para ser sentido.
     Ao descer as escadas para sala, Isabel estava assistindo televisão, seu silêncio era em estar pensando o que falar, ao chamar por seu nome, ela nota com espanto e euforia.
“Isto só pode ser um milagre, um milagre do senhor!”
“Tia...não comece...”
“E qual seria a outra explicação para o fato de estar caminhando? Agradeça.”
“Agradecer a quem? Com certeza não estou bem pelo motivo de estar curado do nada.”
“E o que você pode fazer? Nada, não tem como você descobrir o por que de estar curado, somente aceitar este fato.”
“Primeiro eu sou raptado por um homem de máscara assustadora a quadras daqui e depois ele, estranhamente, me solta para acabar sendo atropelado por um caminhão e ficar tetraplégico, e agora estou de pé.”
“Quadras daqui? Gabriel, você foi atropelado na frente da casa.”
“Não me diga que foi só um sonho aquilo?”
“Acredito que você teve sonambulismo naquela noite, entenda Gabriel...”
“Eu não vou aceitar isso.”
     Gabriel retira um casaco e dirige-se à porta quando, ao mesmo tempo, seu tio chega, Isabel persiste.
“Onde você pensa que vai?”
“Descobrir o que está acontecendo.”
“Não mesmo, vai ficar aqui.”
“Você não manda mais em mim.”
“Gabriel, você está...”
“Sim tio, somente a tia não acha estranho.”
“Deixe ele ir Isabel.”
     Gabriel lança uma expressão de agradecimento a Jones, sendo que seu tio somente o pede para tomar cuidado, e então parte.
“Você sabe como as coisas são Isabel, mais cedo ou mais tarde ele acabaria por descobrir a verdade.”
“Só não gostaria que não fosse desse jeito.”
     Foi naquela manhã de céu claro que Gabriel voltara a caminhar pelas ruas, sentia-se estranho e renascido ao mesmo tempo, como se tivesse dado um próximo passo em sua vida. Ainda que não sabia exatamente por onde começar, imaginando se o encontro com Huncamé não passara mesmo de um sonho, decidiu ir até a casa abandonada onde fora sequestrado.
     Ao chegar na casa, notou que estava realmente vazia, não havia ninguém dentro, poderia ser que eles não estariam no momento ou foram embora, mas o odor característico também não estava presente, assim como as pinturas internas diferentes e velhas, chegando a conclusão que realmente foi apenas um sonho. Porém, não desistiu, ainda que não passasse de ilusão Gabriel realmente acreditava que haveria alguma ligação, ocasionalmente, caminhando, encontrou um templo religioso, semelhante a uma capela, o que lhe chamou atenção foi a máscara acima da porta de entrada, idêntica a que Huncamé usava, não poderia deixar de lado e então entrou no local, lembrara um pouco as igrejas católicas, exceto pelos detalhes, como pinturas ao redor representando grandes muralhas e lanças espalhadas pelo corredor, o sacerdote do local estava palestrando.
“Pois ao senhor Emacnu devemos nossas vidas, ele será nosso guia para o paraíso no falecimento de nossos corpos, ele nos representa, nos dá força e mantemos assim o elo com o divino, a entrega de bens materiais a casa nossa que o representa é de vital importância para a iluminação espiritual de vossos caminhos.”
     O absurdo falado indignava Gabriel, mas conseguia controlar sua raiva, notou logo a semelhança entre os nomes Emacnu e Huncamé, voltando a se perguntar se fora realmente um sonho, se retirou do local, voltando para casa.
     No outro dia, voltou para e escola, seus colegas, como esperado, estavam espantados, tentando achar algum modo de não parecer sobrenatural explicou que o motivo de estar caminhando era devido a uma cirurgia que fez na coluna, mas a notícia do momento veio de sua sala.
“Naquela noite que havíamos feito a brincadeira do corpo, Carlos...morreu...”
“O que? Como assim?”
“Uma das palavras formadas na tábua foi morte e então dois tiveram convulsões sendo que um foi muito grave, todos nós ficamos cansados.”
“Eu sempre ouvi falar que a brincadeira do copo podia provocar suicídio, mas não morte...eu...sinto muito...deveria estar lá...”
     Gabriel se sentiu culpado, afinal tinha ensinado a eles como fazer a brincadeira mas não como proceder em caso de problemas, achou muito estranho alguém ter sido morto por uma convulsão provocada por um jogo.
     Em seu quarto, refletia sobre o que deveria fazer, imagina se havia algum grupo que suspeitasse, ou até mesmo investigasse eventos estranhos, realizou várias ligações, procurou pela rede virtual, ainda assim, ninguém sabia, começara a concluir que sua tia era portadora da razão, porém, seu tio entrou no quarto, mostrando uma esperança.
“Como está Gabriel?”
“Com dificuldades, não consigo entender...”
“Você acha que há lógica em todas as coisas.”
“Talvez isso seja um defeito.”
“Não por enquanto.”
     Jones retira um cartão de seu bolso, onde estava escrito Seguidores, e um endereço.
“O que é isso?”
“Sabe...quando eu era jovem, participei de um grupo de pessoas que explorava o sobrenatural, ainda que éramos amadores, obtivemos grande sucesso em alguns casos, o tempo passou e as pessoas com quem trabalhava foram passando seus cargos para filhos, netos, sobrinhos, enfim, para pessoas desta geração, acredito que seja hora de passar para você também.”
“Como eu nunca soube disto antes? A tia sabia?”
“Isabel sabia, mas sempre mantivemos em segredo, só não conte para ela, quando você chegar no local procure por alguém de casaco vermelho com o símbolo de um triângulo estampado no peito, mostre o cartão, diga que fui eu que lhe dei, ele saberá o que fazer.”
“Certo, obrigado tio.”
     Já era noite quando Gabriel chegou no local, era uma boate, na entrada um corredor que subia, onde estava um guarda com um triângulo no peito, mas não estava de casaco vermelho, ele o impediu de entrar, sendo que, ao mostrar o cartão de seu tio, o liberou. O ambiente era escuro e moderno, pessoas dançavam ao som de música eletrônica em uma ambiente esfumaçado por gelo seco, algumas pessoas embriagadas pela bebida, outras não tinham pudor e praticam atos impróprios para o local, não tão estranho, era padrão quando o sol vai embora na cidade.
     O homem do casaco vermelho é encontrado subindo algumas escadas, sentando em uma poltrona, apreciando os prazeres materiais.
“Com licença...você deve pertencer a um grupo chamado Seguidores, correto?”
“Não pertenço ao grupo, sou o líder do grupo, diga logo, o que você quer?”
“Meu tio participou a muitos anos atrás, agora ele me deu este cartão.”
“Ah sim, então o sobrenatural atingiu sua vida, está procurando entendimento, não é mesmo?”
“Exatamente...”
“Bem vindo ao time.”
“Como é?”
“Exatamente o que você ouviu, conheço seu tio Jones, Gabriel Egne, amanhã você começa em um grupo que está iniciando, vai ser interessante.”

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Omne Quo 2

Omne Quo 2: Gabriel Egne


Nascimento: 09/02/1993 – 12:15
Pais: Maria Egne Etam e Fábio Raete Egne
Cor favorita: vermelho
Alimento favorito: chocolate
Filiação: nenhuma
Lema: “Lutamos pelo impossível”
Ocupação: estudante- ensino médio\segundo ano
Religião: sem religião definida
Altura: 165 cm
Cor dos olhos: castanhos escuros
Cor do cabelo: quase preto
Fisionomia: magro, 55 Kg

Biografia: Até quatro anos de idade teve uma infância normal, apresentava uma grande tendência em executar tarefas rapidamente, nessa idade, seu pai, um renomado psiquiatra da cidade local, matou sua mãe e após cometeu suicídio, o motivo continua desconhecido. Após esta época Gabriel ficou sobre os cuidados de sua tia por parte materna, Isabel Egne, casada com Jones Sulun, onde permaneceu sempre distante e solitário, ao ingressar na escola, teve poucas amizades, algumas que ainda mantém contato ocasionalmente, embora viva em um estado semi depressivo, possui uma grande curiosidade acerca de como o universo funciona. Em seu quarto há uma pintura do sistema solar no teto devido ao seu fascínio pela astronomia, não tem ainda planejamento quanto a seu futuro profissional, possuindo uma mente investigativa, sempre descobre aquilo que deseja. Sua irmã, Sarah Egne, é quem tem um laço forte, apelidando-a de “maninha” quando criança, já que era a única a apoiá-lo nos momentos de dificuldade, após um suposto conflito com sua tia, mudou-se para outra cidade. Atualmente o atrito entre ele e Isabel se intensificou devido a ela querer que seja perfeito, e então, numa busca desesperada por sua irmã, após encontrar um raptador mascarado intitulado Huncamé, sofrera um grave acidente o deixando tetraplégico, quando de repente foi curado, partindo para investigar os eventos recentes de sua vida.

Cronologia dos eventos:

sábado, 13 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x03

Capítulo 3: A cura


“Ainda que eu ande no vale das sombras, não temerei mal nenhum, pois o senhor está comigo(...)”
Bíblia Salmo 23

     Lá estava Gabriel, deitado em sua cama, cada vez mais depressivo, lembra-se do sonho em que podia andar, começou a valorizar aqueles que conseguem, queria acabar com aquele sofrimento, mas nem seu próprio corpo lhe dava essa chance, o tempo era uma tortura e cada vez mais desejava não existir. Vishnu o observava de perto, sabia que sua próxima ação mudará o rumo dele, e ainda que Sarah o tivesse pedido para cobrir a verdade, será inevitável sua revelação.
     Os três subordinados de Huncamé, Kalu, Naton e Jean, começaram a sofrer os efeitos da falta de ectoplasma, energia essencial para manter materializado os corpos do plano astral, sua escassez leva a uma fadiga extrema e grande dificuldade respiratória, solicitaram a seu mestre uma dose da energia, que para os seres de baixa densidade trazia sensações prazerosas, tal qual as drogas.
“Vocês precisam aprender a racionar o ectoplasma em seus próprios corpos.”
“Mestre, por favor, nos ajude, a dor está se tornando insuportável.”
“A dor é passageira, após o ectoplasma ser esgotado seus corpos materializados são dissolvidos, retornando para o plano astral.”
     Huncamé materializou em sua mão o que parecia ser uma injeção, em seu interior ectoplasma, de aspecto entre liquido e gasoso, com tonalidade cinza, ejetando a energia em seus subordinados, ao entrar no corpo, podia ser visto percorrendo veias energéticas chamadas nadis, semelhantes as veias sanguíneas, a diferença é que nos nadis percorrem a energia vital, chamada de chi ou ki, o ectoplasma mantém denso esta energia, portanto, materializado.
“Nossas reservas estão ficando escassas, arranjem um meio de encontrarem mais.”
“Sim mestre.”
     Gabriel recebe visitas em seu quarto, seis colegas de escola, não imaginava que tantas pessoas se preocupavam com ele.
“Olá Gabriel, você não apareceu nos últimos dias, ficamos preocupados, então ligamos para sua tia e soubemos o que aconteceu, viemos lhe dar um apoio.”
“Preocupados?”
“Não fique assim, mais pessoas queriam vir, a professora também, nós gostávamos quando você explicava o sobrenatural.”
“Como você está Gabriel?”
“Não pergunte isso a ele Carlos.”
“Estou levando, mas ficar aqui deitado vinte e quatro horas por dia é entedioso, tudo o que posso fazer é assistir TV e dormir.”
“A escola é entediosa também, não é mesmo?”
     Gabriel deu um leve sorriso, estava se sentindo confortável com aquelas pessoas a sua volta.
“Nós vamos fazer a brincadeira do copo esta noite no parque, queríamos que você estivesse lá.”
“É, também queria...a brincadeira do copo?”
“Como você nos ensinou.”
“É um tanto perigosa, tomem cuidado.”
“Teremos.”
     Quando chegou a noite, os seis colegas de Gabriel estavam reunidos em um parque na cidade, se aproveitaram do momento que não tinha mais ninguém, carregavam a tábua Ouija, uma tábua onde está distribuída letras em ordem alfabética e os números de zero a nove. Sentaram ao redor da tábua, colocaram o copo ao centro onde cada um pudesse tocar no topo com seus dedos.
“Deixem os dedos leves, o que precisamos é conduzir a força da energia do espírito, não a nossa própria.
     Enquanto isso, os servos de Huncamé partiram da casa.
“Está uma ótima noite para assustar criancinhas.”
“Kalu, nosso objetivo é obter ectoplasma.”
“Eu sei, eu sei, mas sempre prefiro obtê-lo de modo divertido, se me entende...”
“Comecem procurando por esquinas, depois parques e bordéis”
No parque, iniciaram o ritual para a comunicação com algum espírito.
“Ó espírito, você está aí?”
     Passaram trinta segundos e nada aconteceu, voltaram a repetir a frase, ainda assim nenhum movimento, ocasionalmente, Kalu, um dos servos de Huncamé passou pelo parque e notou a prática do grupo, ele estava desmaterializado, portanto não seria visto ou ouvido, aproximou-se.
“Ora ora, parece que temos algo divertido aqui, vou chamar os outros”
     O copo deslocou para a palavra sim na tábua, os seis ficaram espantados.
“Funciona..”
“Certo, vamos manter a calma, ó espírito, quem é você?”
     A palavra formada foi: um amigo.
“Um amigo, não estamos tão mal assim.”
“E agora?”
     Durante o ritual Naton e Jean inseriram um tipo de cano finíssimo na nuca de cada um enquanto Kalu movimentava o copo com um pouco de ectoplasma necerrário, o cano tem como propósito retirar a própria energia, sendo drenado para um tipo de tonel que foi formado ali.
“Pessoal, estou me sentindo meio cansada”
“Calma, amigo, nós o conhecemos?”
     A palavra formada foi: sim.
“Poderia dizer quem?”
     A palavra formada foi: morte.
“Morte? Já chega, isso é brincadeira de mal gosto, vou me retirar”
     Quem ia se retirar desmaiou, tendo convulsões, entraram em pânico, não conheciam os procedimentos.
“O que está acontecendo?”
“Alguém faz alguma coisa!”
“Meu deus...”
“Chamem uma ambulância, agora!”
     O tonel de ectoplasma foi completado, após isto, voltaram para a casa abandonada que possuíram para organizarem suas ações.
     Gabriel volta a sonhar, mas desta vez em um local diferentes do último que teve, como estava sem lucidez, não notou que estava sem a paralisia corporal. O lugar parecia um arquipélago, em umas das ilhas pequenas havia ruínas que lembravam colunas gregas, em mármore puro, gramíneas cresciam entre elas, a atmosfera era leve e silenciosa, o mar calmo, muitas árvores pareciam centenárias, ninguém vinha há muito tempo, ao andar até um círculo entre aquelas colunas encontra Vishnu, escorado em um totem de origem indígena, um tanto rupestre, mas condecorado com diversos símbolos, abaixo a lua, acima o sol, e entre eles, faces de pessoas.
“Passaram por aqui muitas culturas do mundo, todas deixando sua marca.”
“Que lugar é esse?”
“Um templo, por assim dizer, onde civilizações antigas compartilhavam seu conhecimento acerca do universo, infelizmente foi abandonado desde que a curiosidade pelo saber foi tomada por uma era de escuridão, me diga Gabriel, por que saiu de casa?”
“Fui procurar Sarah e...deu tudo errado.”
“Tem certeza quanto a isso? Era realmente Sarah quem você estava procurando? Pode mentir para todos, exceto para si mesmo.”
“Eu não quero aquele tipo de vida...”
“O que você quer então?”
“Eu não sei...sinto como se tivesse algo escondido, que esteja além da compreensão humana, gostaria tanto de alcançar...como procurar por algo que você não conhece?”
“É uma boa pergunta. O que você faria se tivesse uma pista?”
“Iria continuar perseguindo seja o que estiver procurando.”
Vishnu aproxima de Gabriel, toca em sua cabeça, sussurrando em seus ouvidos.
“Ainda há tempo, tem meu respeito.”
     Gabriel acorda, já não se lembrara do sonho que teve, como um reflexo leva a mão até a testa e então percebe, estava se movendo, tanto os braços quanto as pernas, não era mais tetraplégico, seu espanto o fez levantar, estava andando, embora não se lembrava do sonho, acabava por ficar em seu inconsciente, a pista que tanto queria, ao invés de sorrir, tomou uma atitude.
“Tenho que descobrir o que está acontecendo.”

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Omne Quo 1

Devido a mitologia das crônicas ser extensa, toda as quartas-feiras será postado o Omne Quo, uma explicação de determinados elementos ao quais não são cabíveis na história devido a ausência de necessidade para explicar aos personagens, além de tornar os capítulos cansativos de ler. Como primeiro Omne Quo falarei a respeito do livro da ordem, ao qual puderam acompanhar no início dos capítulos.

Omne Quo 1: o livro da ordem


E no começo havia o caos e os noves guardiões organizaram o caos, esta foi a primeira vinda(...)”
O livro da ordem Vol 1 Cap 1

Na noite em que o vazio cruzou o céu surgiu o ser humano(...)”
O livro da ordem Vol 3 Cap 10

     O livro da ordem é o livro mais antigo que existe, um presente dos primeiros nove guardiões para as consciências, conta a história do universo, onde maior parte está escrito de modo metafórico, é dividido em nove volumes, variando entre dez a cinquenta capítulos cada um.
Volume 1: Da primeira vinda, quando os guardiões organizaram o caos e criaram o universo primordial;
Volume 2: Da primeira grande divergência e origem dos planos de existência;
Volume 3: Da origem das consciências;
Volume 4: Da segunda grande divergência e origem do multiverso;
Volume 5: Da evolução das consciências;
Volume 6: Da exploração das consciências;
Volume 7: Da segunda vinda;
Volume 8: Da interação das consciências;
Volume 9: Da profecia da terceira vinda.

     Muitas raças antigas no todo detém o livro como fonte de pesquisas, sendo traduzido para diversos idiomas, ainda assim continua sendo lido pela língua Omadae, sendo considerado verídico devido aos registros não metafóricos escritos, que acaba por ser acentuado a partir do volume cinco.
     A última civilização humana a possuir o livro foi Atlântida, onde foi útil para a elaboração de sua própria tecnologia. Sendo ainda usado como “chave” para paz entre diversas raças, pois o possuem em comum.

Enquanto todos conhecerem um simples sopro, ninguém conseguirá impedir o fluxo natural do todo.”
O livro da ordem Vol 8 Cap 49

sábado, 6 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x02

Capítulo 2: O acidente

“Na noite em que o vazio cruzou o céu surgiu o ser humano(...)”
O livro da ordem Vol 3 Cap 10

     Deitado na rua, vendo o céu noturno, sem conseguir se movimentar, estava Gabriel, ironicamente, mais calmo, desce o caminhoneiro:
“Você está bem?”
     Com grande dificuldade de respirar e falar responde
“Não consigo me mexer”
“Já chamei uma ambulância, há algum parente que posso chamar também?”
“Minha irmã...Sarah...trabalha no hospital principal da próxima cidade”
      A ambulância chega, os hospitais da cidade estavam todos ocupados, portanto seria levado à próxima cidade, Vishnu vigiava a distância, aparentemente tinha chegado tarde demais. Ao chegarem no hospital estava Sarah.
“Gabriel! O que aconteceu com ele?”
“Atropelado por um caminhão, está perdendo muito sangue, precisamos fazer uma transfusão imediatamente”
“Maninha...”
“Eu posso doar, ele é meu irmão”
      Após várias horas, Sarah recebe uma triste notícia, Gabriel teve um grave lesão na medula espinhal o deixando tetraplégico, não poderia mover mais as pernas e braços, ao entrar no quarto Gabriel acabara de acordar.
“Sarah, tive um sonho muito estranho...o que foi? Por que não consigo me mexer?
“Você ficou tetraplégico Gabriel”
“O que? Como assim?”
     Gabriel tentava desesperadamente movimentar-se, o máximo que conseguia era o pescoço”
“Não, não!”
“Gabriel...”
“O que vou fazer? Como vai ser minha vida neste estado?”
“Nossa tia está vindo lhe buscar, e preciso ir embora, sinto muito Gabriel”
“Sarah! Por favor, volte, olhe para mim, Sarah!”
      Partindo do quarto, Sarah chorou desesperadamente, Vishnu tenta consolá-la.
“Sinto muito Sarah, não deu tempo”
“Então essa é sua desculpa? Não deu tempo? Sabemos que você tem medo Vishnu, medo de quebrar as regras”
“Sabe que não posso interferir, seria ir contra o conselho, passariam a achar que estou do lado de alguma legião das trevas”
“Se preocupa mais consigo mesmo do que com as pessoas ao redor, seu poder de cura se torna inútil quando não quer usá-lo”
      Em meio a discussão, aparece Huncamé.
“Ora ora, se não é a dupla de deprimidos”
“Você! É tudo culpa sua!”
“E parece estarem cegos aos domínios do astral”
      Sarah, em um ataque de fúria, através de suas habilidades psíquicas, consegue levantar Huncamé pelo pescoço.
“Me dê uma razão para não dissolvê-lo agora”
“Simples, você não pode, julgando Vishnu por sua incompetência, mas não quer também quebrar as regras, não, isso lhe amedronta, desde a última vez”
“Não quero ver você mais por aqui”
“Tolos, enquanto esse medo preenchê-los a guerra se alastrará até o físico, e quando isto acontecer...não terão nenhuma chance”
      Huncamé desaparece, usando uma habilidade de eterização, onde as partículas de matéria passam a vibrar em outra frequência, o indivíduo passa a ficar invisível gradativamente até adentrar em outro plano de existência.
“Huncamé tem razão Sarah, o conselho não se importa mais com a guerra, e ela está cada vez mais notável, não podemos ficar de braços cruzados”
“O que você planeja?”
“Agir, recrutar, os Mensageiros das Sombras estão escasso em pessoas, principalmente de projetores, precisamos estabelecer um grupo independente, que possa combater”
“Mas o conselho...”
“Dane-se o conselho, o que mais importa para você? A salvação do mundo ou o alastramento das trevas?”
“Como faremos isso?”
“Você precisa ir para Confugii, falar com Marcos, vou resolver alguns problemas aqui no físico, por enquanto seremos os mais discretos possíveis, lembre-se que nem todos estão preparados para ver”
      No hospital, Isabel chega para buscar Gabriel.
“O que você fez”
“Não tenho que lhe dar satisfação”
“Vamos embora”
      Gabriel, em uma maca, foi posto em uma ambulância, sua expressão era de alguém que tinha desistido da vida, após chegar em casa, só podia ficar em sua cama, vendo a pintura do sistema solar, tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe, não podia estender o braço para tocá-lo como queria, a chuva começava, as cortinas da janela lhe impediam de ver, apenas ouvir o som que lhe marcava como o fim de sua vida.
      À noite, após várias horas tentando dormir, Gabriel entrou na fase de sono, se vendo em um cemitério, podia movimentar seus membros, mas seu estado de pouco lucidez lhe impedia de notar suas próprias características, caminhava em direção a uma luz azul em meio a névoa densa, ouvindo murmúrios, os túmulos, de características medievais, aparentavam se mexer, o cheiro lhe lembrava quando fora raptado e o chão não parecia firme, ao caminhar um pouco mais notou um suave som de vibração vinda da luz em forma de esfera, se aproximando, pode notar que ela flutuava acima do teto de uma cúpula que estava enterrada, exceto pela parte de cima, a esfera era hipnotizadora, emitindo um sensação agradável de paz, queria tocá-la e ao tentar um homem lhe impediu.
“Isto pode ser perigo Gabriel”
“Quem é você”
“Sou conhecido como Vishnu, um amigo antigo de sua irmã, esta esfera de luz serve para atrair certas consciências que estão perdidas entre os cemitérios e querem se redimir, esta sensação de paz ajuda em sua busca, já que é o que desejam, para você estar aqui deve estar procurando paz, não é mesmo?
“Não...”
“Não não preocupe Gabriel, ainda que eu caminhe no vale das sombras”
“Não temerei mal nenhum...Como posso confiar em uma suposta divindade quando não posso movimentar meu corpo?”
“Tem certeza que você não o está movimentando?”
      Gabriel olha a si mesmo e por um momento fica lúcido, notando que podia movimentar-se, mas sua euforia foi excessiva, acabando por acordar, percebendo que seus braços e pernas não se mexiam”
“Foi só um sonho...”
      Vishnu estava do lado dele, ainda que não podia percebê-lo ou ouvi-lo, sussurrou em seus ouvidos:
“Por que o senhor estás comigo...vai ficar tudo bem Gabriel”

Crônicas Omne 1x01

Crônicas Omne Volume 1


Capítulo 1: Ser

 
“E no começo havia o caos e os noves guardiões organizaram o caos, esta foi a primeira vinda(...)”
O livro da ordem Vol 1 Cap 1

     Gabriel acorda exausto, olha suas mãos para perceber se ainda estava sonhando, em seu quarto uma pintura do sistema solar, ainda com o nono ex-planeta, a dor de cabeça era suportável, mas incomodava, precisava lavar o rosto, checar como estava o lado de fora, noite agradável para um pesadelo, onde anjos faziam carnificina com humanos e criaturas horrendas devoravam suas partes em um céu assustador que cuspia fogo, nada demais, precisava acordar cedo, para mais um dia rotineiro e tedioso, a vida parece tão sem graça, vendo pessoas indo e vindo com propósitos semelhantes.
      Durante o dia, Gabriel, caminhando para o colégio, cabeça baixa, como se a percepção do mundo estivesse sendo fragmentada, na escola, nada bem, notas baixas, não tinha motivação para estudar, isolado, sem muitos amigos, aos quais também evitava presença, perguntava se era merecedor de sentimentos, como amizade, sua atenção estava descuidada, rabiscava nos cadernos paisagens de um mundo imaginário. O sinal toca, sua professora queria falar com ele, mais uma daquelas lições de moral, perda de tempo.
“Gabriel, o que está acontecendo?”
“A senhora não entenderia...”
“Você era um aluno exemplar, e agora neste estado, preciso falar com seu responsável”
“Minha tia...ela não...de novo não...”
“Entregue esta carta a ela, uma solicitação para vir aqui”
      Gabriel não queria entregar a carta, da mesma forma que não queria problemas.
“Sarah...gostaria que você estivesse aqui...”
      Sarah, irmã de Gabriel, 26 anos, ruiva, era a única amiga verdadeira que seu irmão considerava, mas após um conflito familiar com sua tia Isabel a seis anos ela absteve-se de aparecer em casa, a última notícia é que trabalhava como enfermeira em uma cidade vizinha.
      No hospital onde Sarah trabalha um amigo antigo aparece, alto, olhos verdes e uma grande expressão de nobreza, Vishnu Delta como era conhecido, mas ao encontrar a irmã de Gabriel não parecia contente, em seus olhos notava-se preocupação, passaram a dialogar:
“Olá Sarah”
“Vishnu? O que faz aqui? Está infligindo uma lei de lá”
“Tenho permissão do conselho, não sou quem quebrou as regras”
“Não me diga que...”
“Sim, ele está aqui, ou mais precisadamente, na cidade de seu irmão, ele pode fazer algo, devemos estar atentos”
“Gabriel...precisamos fazer algo, se eles se encontrarem...ele não está preparado para isso, tão longe qualquer um, Vishnu...”
“Você sabe que sempre preferi a verdade do que este mundo de ilusões, não posso lhe prometer que conseguirei cobrir tudo quando chegar lá”
“Obrigada”
      Gabriel mora na casa de seus tios, Isabel e Jones, desde cinco anos de idade, seu pai foi um renomado psiquiatra que matou a própria esposa e após cometeu suicídio, desde então tornou-se reservado e solitário, desejando que este mundo fosse apenas mentira, tal como o sonho, Isabel é muito rigorosa e ele não a tem com muito respeito devido a Sarah, Jones possui uma expressão imparcial. Era momento do jantar, como em todas as outras ocasiões o silêncio pairava no ar até então.
“Gabriel, andei olhando em sua mochila e encontrei uma carta de sua professora”
“Eu ia lhe entregar”
“De dois dias atrás? O que eu falei sobre mentir, além disso uma reunião acerca de seu baixo desempenho? Por que, pelo menos uma vez na vida, você não se comporta como uma pessoa normal?”
“Porque, devido a sua falta de discernimento, Sarah não está mais aqui, porque não aguento mais isso, todos os dias é sempre as mesmas conversas, mesmas rotinas, vou para meu quarto”
“Gabriel!”
“Deixe ele Isabel”
“Mas Jones...”
“Cada vez mais parecido com ela, não é mesmo?”
“Acho que está no sangue dessa família, só não sei dizer se é uma benção ou maldição”
      Em seu quarto, Gabriel refletia, queria tomar uma decisão, de ir embora, procurar Sarah, e após algum tempo concluiu, largar tudo para recomeçar a vida, arrumou em uma pequena mochila algumas roupas e partiu, pela janela, enquanto seus tios dormiam. Cruzar as ruas na cidade noturna vendo o submundo era uma tarefa difícil, liberdade sem restrições beiravam a anarquia, prostituição, mercado negro, tráfico, tudo claramente visível, mas para alguém que abandonou uma vida não parecia uma tarefa árdua, basta entra em colapso consigo mesmo para perceber, talvez isso seja o motivo daquelas pessoas que vivem dessa forma, em um mundo cada vez mais triste, alguns escolhem fugir de tudo que pode representar uma vida onde nascer-viver-morrer não é bastante, no fundo todos acabam tendo o mesmo sentimento.
      Diante daquelas avenidas, cada vez mais escuras, Gabriel depara-se com algo estranho, um carro escuro lhe seguia a alguns metros, semelhante a uma van, na tentativa de despistá-los dobrava cada rua que visse, até mesmo contornando a mesma quadra, mas pareceu ser uma tarefa impossível, como se eles pudessem adivinhar cada passo seu.
      Quando o carro ficou próximo, seu corpo inteiro paralisou, não podia correr ou gritar, foi uma situação de grande pânico, podia ouvir o coração batendo em grande intensidade, o carro parou descendo três pessoas com capuzes negros que cobriam toda a face, amarram Gabriel pelas mãos e pernas, além de ter sido vendado seus olhos e boca, foi jogado para dentro. Após algum tempo o carro parou, foi sentado em uma cadeira, o ambiente fedia como carne em decomposição, as vendas foram retiradas, o ambiente estava em quase penumbra, os murmúrios entre aquelas três pessoas que lhe raptaram era de um idioma diferente. Um dos homens se aproxima:
“Quem é você? Por que estão fazendo isso comigo?”
“Calado garoto, amanhã você vai acordar sem lembrar de nada, apenas coopere”
      Uma outra pessoa, com um manto negro aparece:
“O mestre chegou, ele quer falar com você”
“Droga, bem na hora que eu iria apreciar o medo e desespero”
      Os dois saíram para a sala de entrada da casa abandonada onde estavam, uma quarta pessoa entrou ao qual foi referido como mestre Huncamé, cabelo longo e escuro, sobretudo negro com uma divisa perto do pescoço, e uma máscara semelhante as usadas na cultura maia, exalava medo no ar. Após conversarem durante alguns minutos, Huncamé entrou na sala principal, com um olhar penetrante e uma voz aterrorizadora, fala com Gabriel:
“Qual o seu nome?”
“Ga-Gabriel...”
“Qual o seu propósito?”
“O que? Eu fui raptado, quer me soltar logo?”
“Corajoso, como sua irmã”
“Como sabe dela?”
“É uma longa história, posso ver em sua assinatura energética o parentesco”
      Era notório em Gabriel a tristeza e desesperança, ao Huncamé perceber isso, inesperadamente deu uma ordem:
“Solte o garoto”
“Senhor...”
“Faça”
Gabriel foi solto, ao perceber disso, correu para fora.
“Mestre Huncamé...”
“Conheci ele anos atrás, quando era um bebê ainda, pode ser eventualmente útil, mas sua miopia para a verdade é grande, não servirá para nada, somente fornecer ectoplasma por enquanto, não há necessidade de mantê-lo trancado.
      Ao chegar na rua, Gabriel estava assustado, em pânico, ao perceber, uma luz em sua direção, um caminhão, arrebentando-o para longe, seria esse o fim?

Datas de postagem

Olá pessoal, primeiramente gostaria de agradecer a todas as pessoas que acompanharam as Crônicas Astrais, incentivou e contribui para essa nova etapa que estamos iniciando, sem vocês não existiria a história que tanto acompanhamos. Gostaria também de agracer ao Rafael Silva, co-autor da crônicas, por ter incentivado a produção e estar participando deste projeto.

Como havia dito primeiramente no GVA, Omne não ficará somente na história propriamente dita, teremos spin-offs (histórias derivadas da principal, como poemas e contos de outros personagens), além de alguns vídeos que estamos planejando.

Todo o sábado teremos a postagem de um novo capítulo, e na maioria das quartas-feiras teremos "Omne Quo", o primeiro spin-off, não vou revelar nada quanto a isso por enquanto.

Temos twitter também para pequenas informações: https://twitter.com/cronicasomne

Tem sugestões? Basta comunicar, ficaremos gratos em ouvi-los.

É isso aí, que começe a nova jornada!