sábado, 26 de fevereiro de 2011

Crônicas Omne 2x05

Capítulo 15: O retorno parte 2

"Imaginação é mais importante que conhecimento."
Albert Einsten 


       Não imaginava que James fosse tão frívolo, sem questionar a si próprio sua moralidade, aquela sala de armas pode revelar como éramos tão opostos.
_Exterminá-los? Nós vamos matar pessoas!
_Eles não são pessoas.
_Que seja, eles continuam sendo vidas, vamos apenas simplesmente mandá-los para o astral?
_E o quer que nós façamos? Diga-me.
_Eu não sei...
      Arthur interferiu na conversa.
_Gabriel, eu sei que você está preocupado, vê como uma coisa errada tirar vidas, mas qual outra opção temos? Se não fizermos isso eles se multiplicarão e mais pessoas morrerão, como repertores, não podemos deixar que isso aconteça.
_E que tal uma prisão? Ou uma cura?
_Prisão não pode detê-los, quando um é preso muitos outros podem vir resgatá-lo, quando a cura...está além da nossa compreensão.
_Como assim?
_Os vampiros são extremamente antigos, acreditamos que seja resultado de tecnologia atlante. A civilização de Atlântida foi capaz de feitos incríveis, entre eles a manipulação genética, porém, acreditamos que tal tecnologia excedeu tudo o que conhecemos hoje, unindo físico com astral.
_Um DNA astral.
_Exatamente, tal o motivo de não conseguirmos fabricar uma cura.
_Vamos logo Gabriel, temos que descobrir onde fica a toca.
       Não estava totalmente convencido a matar vampiros, além de também não saber mexer com armas, James me explicou os princípios básicos, talvez ele acreditava que eu era apto a apenas apontar e atirar, confiou em mim por um momento. Chegamos no último local onde os vampiros atacaram, o hospital Santa Luz.
_Que tipo de pistas estamos procurando?
_Vampiros emitem um tipo de feromônio diferente dos humanos, isto o fazem saber distinguir sua espécie, o feromônio vampírico fica mais tempo no ambiente que o humano.
_E como vamos identificar?
_Através de um composto químico chamado organotelureto, adaptado para reagir com o feromônio de vampiros, uma vez que entre em contato servirá como um marcador, tal composto foi desenvolvido por seu avô, Thomas Egne.
_Meu avô?
_Sim, foi um cientista muito importante para os repertores, contribui com o desenvolvimento de muitas tecnologias.
_Nunca o conheci...
_Nem eu, mas ouvi falar dele muito bem por Lucian.
_Lucian...
_É, eu sei Gabriel, mas vamos esquecer isto por enquanto, temos trabalho a fazer.
       James retirou de sua mochila um spray contendo o reagente, jorrando sobre o ar, mas nada aconteceu, já passando dez minutos.
_Acho que teu spray está fora da validade James.
_Não subestime a ciência Gabriel, é preciso paciência para obter-se resultados aproveitáveis, observe bem.
        Pequenas partículas cinzas começaram a brilhar, ainda que fracamente, era bem visível.
_Gabriel, lhe apresento o feromônio vampírico.
_Algo que esteve todo o tempo aqui, mas ninguém vê.
_Assim como o plano astral.
_E agora?
_Agora recolho a substância e o coloco em um analisador de frequências, desenvolvido por Lucian e seu avô.
_Como funciona?
_Ele analisa a frequência da substância, ou seja, sua vibração, desta forma podemos traçar uma rota para um local onde há maior concentração do feromônio.
_A toca dos vampiros.
_Exatamente.
_Mas o local podem ser muitos, não?
_De fato, por isso teremos que seguir algumas pistas, acredito que hoje vampiros estejam se escondendo em hotéis.
_E vamos procurar um por um?
_Não há outra alternativa.

15 HORAS MAIS TARDE
       Após um longo tempo procurando achamos o hotel como James havia previsto, o analisador soava como um rugido, indicando que era o local certo, posicionou o fuzil com sensor térmico no telhado de outro prédio, onde ficamos até então para observar o movimento, vimos os vampiros encapuzados, estavam reunidos, planejando, após algum tempo entraram no prédio.
James planejou comigo para eu plantar uma bomba no prédio enquanto ele cubra minha retaguarda, senti que não seria um bom plano, mas aceitei, da mesma forma que ele confiou em mim, também teria que confiar nele.
       Os poucos vampiros que estavam na entrada foram mortos à distância pelo fuzil do James, entrei cautelosamente, teria que colocar a bomba bem no centro do prédio, entrei no elevador para subir dois andares, após a porta se abrir dois vampiros notaram vindo em minha direção, apontei a pistola que carregava, mas minha péssima pontaria atirava balas para todos os lados, exceto neles, além de fazer um barulho enorme, James me salvou atirando pelos vidros.
_Droga Gabriel, não faça tanto barulho.
       Logo percebi James atirando em andares acima, era claro o que estava acontecendo, perceberam que eu estava no prédio, agilizando, entrei na sala determinada onde seria plantado a bomba, fiquei surpreso, muitas bolsas de sangue, além de pedaços de corpos humanos, ouvi um ruído atrás de mim, ao me virar fui nocauteado, ficando inconsciente.
       Abri os olhos, estava deitava em lugar diferente, uma sala razoavelmente grande, inúmeros relógios, dos mais diferentes tamanhos e formas, cada um tinha seus ponteiros girando em velocidades diferentes um dos outros, um senhor de jaleco preto segurava um guarda-chuva, então virou-se para mim.
_Podemos começar?

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Crônicas Omne 2x04

Capítulo 14: O retorno parte 1

"Luz e trevas: duplicatas de Deus."
As viagens de Fugit


HOSPITAL SANTA LUZ – PLANO FÍSICO
      Já era madrugada, ninguém ainda tinha percebido, no depósito de sangue estava sendo roubado as bolsas, nenhum alarme tocou, quatro encapuzados, sem nenhuma arma, pareciam exaustos e famintos, rapidamente ensacaram o sangue em caixas, levando até o carro no térreo, uma ambulância roubada, a três ligaram o veículo chamara a atenção de um guarda.
_Ei vocês!
     Um ordenou aos três partirem, este virou-se em direção ao agente, o íris em seus olhos brilhava em roxo, com uma arma apontada atirou, o medo provocara esta reação, nada aconteceu, a boca do ladrão mostrou presas em formato canino emergindo de sua gengiva, quatro pares de cada lado, pulando em direção ao pescoço o mordera ferozmente como um animal, retirando não apenas sangue como também outro fluindo, fazendo da vítima envelhecer rapidamente, ao som de sirenes fugira, deixando o corpo para trás.

APARTAMENTO DE JAMES OHER – 6 HORAS MAIS TARDE
      Estava dormindo no sofá ainda quando James retornou do mercado, a enxaqueca continuava a me afligir.
_Está na hora de acordar Gabriel.
_Eu não aguento essa dor de cabeça.
_Vai passar logo, temos que ver onde você vai ficar.
_Ficar? Não seria aqui?
_E por que seria?
_Porque não tenho outro lugar.
_Está bem, com uma condição, ajude a organizar o apartamento.
      James ligou a televisão para o noticiário local, ficamos espantados ao repórter falar sobre eventos recentes.
“_A polícia continua investigando o caso de violência que chamou a atenção da cidade, nesta rua houve uma luta entre dois contra quatro indivíduos, o que poderia ser um simples assalto não aconteceu, um dos suspeitos, segundo as testemunhas, liberou uma luz roxa através de um livro enquanto uma mulher, ainda não identificada, atirou até o outro simplesmente desaparecer.”
_Sarah!
_Droga, então a população assistiu.
      Mas a próxima notícia deixara James mais intrigado ainda, quanto a mim, nada conhecia, portanto nada tinha a declarar.
“Nesta madrugada ocorreu mais um assalto a bancos de sangue deixando um guarda morto, mordido no pescoço, segundo a polícia local parece haver um grupo de malucos fantasiosos que acreditam ser vampiros, realidade ou ficção?”
_Malucos fantasiosos...
_O que você acha James?
_Tem algo errado, desde que Huncamé atacou algo obscuro assola esta cidade, consigo sentir, isso parece vampiros reais.
_Vampiros de verdade? Então eles existem?
_É comum encontrar vampiros nas zonas densas do astral, mas aqui no físico...eu nunca tinha ouvido falar em um caso desses, cadê os repertores?
_Repertores?
_Sim, você trabalhou com eles, certo? Eles deveriam estar cuidando disso, tinham que ter impedido que a notícia chegasse a mídia.
_O que vamos fazer?
_Vamos até a base dos repertores, falar com Lucian.
_Aquele traidor, ele entregou o livro de criação astral para Huncamé.
_Eu tenho uma teoria, vamos.
       Partimos até o pavilhão onde eram feitas reuniões dos repertores, o local estava agitado, muitas caixas indo e vindo, encontramos Arthur, o repertor da primeira equipe.
_James e Gabriel, que surpresa.
_O que está acontecendo Arthur?
_Lucian foi embora, deixou o comando de líder dos repertores, desde então tudo virou uma bagunça, os grupos se dividiram e a maioria acabou abandonando seus cargos.
_Você está sabendo dos vampiros físicos?
_Sim, ouvi falar, mas não tem ninguém para investigar o caso, estou tentando reorganizar, os que ficaram me designaram como novo líder dos repertores, acabamos encontrando coisas ilícitas do Lucian, então estamos limpando.
_Onde está ele?
_Desapareceu, e espero nunca vê-lo novamente, os arquivos que encontrei o ligam para algo muito ruim.
_O que são esses vampiros físicos? Perguntei a Arthur.
_Você mal entrou e já saiu dos repertores Gabriel, mas vou lhe explicar.
“Há uma diferenciação entre categorias para alimentação da vitalidade, a primeira e mais comum são as vampirizações, onde uma pessoa comum, física ou astral, pode consciente ou inconscientemente alimentar-se da energia vital ou ectoplasmática de outro ser, quando está perto de uma pessoa e você bocejar há indício de vampirização, este é o conceito básico. Por outro lado há vampiros, seres astrais que se deformaram e especializaram na vampirização, houve época em que os vampiros conseguiam reencarnar no corpo físico, porém surgiu muitas limitações, como precisar de sangue, rico em vitalidade, para se manter vivo, a medida que o tempo passou ocorreu uma evolução dos corpos físicos dos vampiros, passando a assemelharem com seus corpos astrais, possuindo presas caninas, porém os repertores daquela época conseguiram exterminar com todos, ou pelo menos foi o que acharam, mas desde que Huncamé apareceu no plano físico algo começou a mudar, e então os vampiros físicos retornaram.”
_Retornaram para sua vingança e glória.
_Não somente vampiros.
_Como assim?
_Foi relatado o aparecimento de várias criaturas astrais aqui no físico.
_Isso significa somente uma coisa então.
_Exatamente James.
_Do que vocês estão falando?
_Algo muito ruim vai acontecer Gabriel.
_Escutem, como estou sem pessoas, vocês dois poderiam investigar o caso dos vampiros?
_Investigar? Você tá de brincadeira?
_James já foi um repertor, um ótimo repertor.
_É mas não sou mais, sou um psinner agora, vamos embora Gabriel.
_Você mesmo disse que algo muito ruim vai acontecer, vamos ver o que está acontecendo.
_Por favor James.
_Quantos favores vou ter que ficar fazendo? Está bem, como nos velhos tempos, mas vou precisar de algumas coisas Arthur.
_Ah sim, venham comigo.
Seguindo Arthur, entramos em uma sala repleta de armas.
_Vocês vão precisar de munição pesada, vampiros se regeneram mais rápido que humanos.
      James pegou um fuzil M-107 com sensor térmico, seria útil para ver eles a noite, além de duas pistolas de 19 tiros e uma faca de prata.
_Prata corta melhor pele de vampiro, escolha uma arma Gabriel.
_Arma? Eu nem sei mexer em uma, o que vamos fazer com armas?
_Vamos fazer o que os repertores sempre fizeram com vampiros, exterminá-los.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Crônicas Omne 2x03

Capítulo 13: Apostas

"E ainda que que vossos livros sejam escritos, vossas vozes sejam ditas, a fé cega continuará a permanecer."
O livro da ordem Vol 8 Cap 31

      Já estava anoitecendo quando nos aproximamos do cassino, o maior edifício zona quatro, era dividido em cinco prédios, o primeiro é o mais alto e largo, com uma grande antena no topo, ao redor os outros quatro de mesmo tamanho, um pouco menor que o primeiro. Ao chegarmos próximo a entrada era visível o espetáculo de iluminação das mais variadas cores, no pátio uma grande fonte, atrás um tapete vermelho que se estendia até dentro, acima um grande placa com o seu nome: Cassino Royalty.
      Dois seguranças guardavam a porta, vestidos de terno, que cuidavam o trânsito de seres, afinal estava anoitecendo e a quantidade de pessoas indo para o lugar era intenso, ao entrarmos música clássica tocava ao som de um piano, nada muito incomum, pessoas, e as outras criaturas, bebendo no grande bar, até então tudo normal, mas foi se aproximar das máquinas de cassino que notei algo diferente, havia injeções cravadas em seus corpos, a cena era repugnante, Vishnu me explicou que nas máquinas de cassino é apostado a própria energia vital, em Epísola o bem e o mal, a ignorância e o esclarecimento, caminham lado a lado, é uma cidade onde o livre arbítrio fala muito alto.
      Além dos conhecidos jogos de azar típicos de cassino havia em outros andares jogos eletrônicos e outros aparelhos que desconhecia, nunca percebi que o astral era tão semelhante ao físico, ou seria o contrário?
Ao andarmos mais um pouco vimos uma sala com uma placa em holografia escrito Chorus, Camila ficou empolgada.
_Vishnu, vamos jogar Chorus?
_Para que?
_É divertido, vamos mostrar ao Gabriel?
_O que é Chorus?
_É um famoso jogo de bola do astral, existem muitas competições desta espalhadas no universo.
_Universo?
_Diz a lenda que o jogo foi trazido pelos ditos deuses, já ouvi extraterrestres comentando a respeito disto, venha comigo, vamos lhe mostrar como se joga.
      Vishnu comprou quatro passagens para uma das salas do jogo, como era grande ficava em uma subdimensão a parte do plano astral, e de fato era realmente grande, o piso é de um tipo de madeira lisa, 45 metros de comprimento por 25 de largura, Vishnu explicou seu funcionamento.
“A bola, uma esfera cinza metálica, possui 50 cm de diâmetro, pesando 300 gramas, ela pode ser usada por qualquer parte do corpo; há três goleiras: a primeira fica a dois metros do chão, sendo um anel horizontal, a segunda fica a quatro metros do chão, acima da primeira, sendo uma anel vertical, ambas três vezes maior que a bola, a terceira é um anel vertical de metade do tamanho da segunda, fica a seis metros de altura, a pontuação é igual a altura, cada vez um jogador atravessa a bola em um dos anéis o time ganha os pontos; entre as várias modalidades, a maioria consiste em aquele time que alcançar trinta pontos primeiro ganha; são dois times competindo com seis jogadores cada, chamados de saltadores, as vestimentas são de acordo com a vontade de jogador, portanto é notável que cada um vista-se de uma forma diferente, sendo apenas em comum o símbolo do time apenas. Alguns jogadores vestem roupas metálicas pesadas, outros preferiam um tecido semelhante a borracha, proporcionando grande flexibilidade. Além de poderem usar qualquer parte do corpo para jogar, é também permitido portar entre uma ou duas ferramentas, tais como bastões, maças e tacos, proporcionando maior ação ao jogo, é somente permitido usar as ferramentas para manusear a bola. Existem três categorias para o jogo: simples, onde são proibido usar habilidades psíquicas, ativo, onde é permitido e misto onde ora pode ser usado ora não, para saber se um saltador não está trapaceando existem juízes que ficam monitorando a atividade psíquica de cada jogador.”
_Entendido Gabriel?
_Acredito que sim, talvez.
_Ótimo, vamos jogar então, como não é um jogo oficial vamos nos separar em duplas, Camila joga comigo, James joga com Gabriel.
_Por que eu tenho que jogar com o Gabriel?
_Porque eu acredito que vocês dão uma boa dupla.
_Pelo menos me diga que as habilidades psíquicas são permitidas.
_Vamos por misto, começamos sem.
     Recolhemos algumas ferramentas, Vishnu ficou com um taco, Camila com uma raquete, James com duas raquetes e eu com um bastão. James e Vishnu decidiram que iria começar, sendo o resultado Vishnu, iniciado a contagem do tempo nos posicionamos em frente ao adversário, eu contra Camila e James contra Vishnu.
Segurando a bola Vishnu saiu em disparada contornando o campo, segurando a bola, que podia ficar no máximo quatro segundos em contato direto, após teve que começar a chutá-la, oportunidade para James arrastar uma de suas raquetes, conseguindo capturá-la, foi ordenado que podia ser usado as habilidades, Camila umidificou o chão, tornando-se escorregadio, suficiente para James deslizar e perder a bola para ela, fiquei sem saber o que fazer, já que desconhecia minha habilidade, embora eu tentasse pegar a bola, eles eram muito rápidos.
     Porém James se aproveitou da desvantagem do chão úmido para acelerar sua velocidade deitado, indo rapidamente em direção a Camila, quando tentou lançar a bola com a raquete na segunda goleira, James emitiu um raio de seu braço tentando desviar, porém Vishnu lançou um pulso magnético desviando o próprio raio, fazendo com que meu time adversário ganhasse quatro pontos.
_Gabriel inútil, tente pegar a bola logo!
      Porém as vozes de James começavam a ecoar em minha mente, se tornando cada vez mais baixo, estava sentindo um mal estar, a visão se tornava cada vez mais turva, Vishnu veio em minha direção.
_Ele está ficando translúcido.
_Já era hora de acontecer. Disse James.
_O que você quer dizer?
_Faz muitas horas que Gabriel está fora de seu corpo físico, ele está começando a sentir falta da consciência, além de estar passando fome com certeza, vamos voltar.
_Não se preocupe Gabriel, não poderei voltar para o físico por enquanto, procure descansar por uns dois dias, quando retornar ao plano astral estarei lhe esperando.
_Até mais.
     Quando fechei os olhos tudo escureceu, comecei a ouvir um zumbido até ficar grave, ao conseguir abrir novamente estava no plano físico de volta, minha cabeça doía de uma forma como nunca tinha sentindo antes, James me esclareceu.
_Os psinners permitem que o projetor consiga se lembrar de tudo fora do corpo, sua dor de cabeça é devido a seu cérebro físico não estar acostumado a receber tanta informação instantaneamente, as coisas vão parecer um pouco confusas inicialmente, mas vai passar, tome, beba um pouco de água.
_O que acontece agora?
_Agora você deve descansar, pode ficar em meu apartamento, mas somente por esta noite, estou fazendo isso a pedido de Vishnu e não um agrado a você, lembre-se disso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crônicas Omne 2x02

Capítulo 12: Epísola

"Guardiões supremos, libertai para a verdade."
Filosofia mental

     James decidiu ficar mais algum tempo conosco, não queria demonstrar, mas estava interessado nas explicações de Vishnu, Camila se manteve em silêncio o tempo todo, parecia estar com sono. Passamos por uma grande feira em céu aberto, o que mais notei eram alimentos, especialmente frutas.
_Mortos comem?
_É isso que você chama as mais variadas formas de vida do astral? Mortos? Estão longe de serem considerado mortos Gabriel, experimente isso.
     Vishnu comprou com aquele cartão uma maçã, ao provar o gosto era incrivelmente real, em todas as sensações.
_Como isso é possível?
_Embora o sistema digestivo dos seres vivos do astral seja diferente do físico, os astralinos também precisam se alimentar, há muito tempo os seres deste lado se alimentavam de pura energia, mas não havia gostos e sensações, então surgiu a necessidade de moldar as energias para formas de alimento.
      “O consenso é grande e óbvio, as pessoas que gostavam de um alimento, enquanto encarnadas, também queriam passar pela sensação novamente, mesmo após a morte do corpo físico, até mesmo os mais elevados seres se alimentam, ora, eles tem gasto de energia, e o trabalho intenso que executam impede um repouso prolongado, por que não associar as energias com gostos terrenos afim de que se possa tirar maior proveito? Aqui ocorre duas divisões: alimentos astrais e alimentos sintéticos, os astrais são literalmente cultivados neste plano, há plantação e colheita, mais ou menos semelhante ao que acontece no físico, os sintéticos são desenvolvidos nas cidades industriais, servem para imitar a comida física, como por exemplo a carne, como os animais deste lado não morrem, foi encontrado como solução a sintetização de energia nesta forma, com todos os gostos possíveis, pode soar ignorância, porém, não seria justo saborear seus pratos prediletos depois de um trabalho exaustivo?”
      Entramos em uma pequena loja de artigos de transporte feitos artesanalmente, muito modesto o local, o vendedor tinha uma aparência felina, sua voz era grossa, assim como sua personalidade.
_O que querem?
_Gostaria de uma mochila tamanho médio, que possa ser colocada na Interna.
_São estas aqui.
_E então Gabriel, qual deseja?
_Uma mochila? Para que?
_Vai lhe ajudar, escolha uma.
_Hmmmm... esta cinza.
_Vai pagar em que?
_Em dinheiro.
_São trinta e duas Vicrassas.
      Vishnu entregou o cartão, o vendedor passou no que parecia aquelas máquinas de cartão de crédito, após pegar minha mochila saímos do local.
_Como eu poderia imaginar que haveria dinheiro após a morte.
_Na verdade é bem mais complexo que isso.
_Como assim?
_Vicrassa é uma energia bruta astral, com ela você pode produzir quase qualquer coisa, é finíssima e em estado original muito pequena, mas que pode ser expandida com facilidade, ela é a moeda monetária mais usada devido a sua utilidade.
     “Entitas, a cidade-arco tecnológica, desenvolveu um sistema para armazenar Vicrassa em pequenos cartões com fitas magnéticas, facilitou seu sistema de transporte, que antes era em galões. O cartão possui uma pequeno quadrado preto onde apresenta a quantidade de Vicrassa que possui, medida em pondus, uma unidade de peso, assim como a grama, porém muito menor. Mas não é um sistema universal, além da Vicrassa, a comercialização é usada em larga escala através da troca de produtos, alguns lugares usam outros sistemas comerciais totalmente diferentes, como muitas colônias espiritualistas, onde o o dinheiro são as horas de trabalho ou até mesmo na cidade administrativa Ultima, que não existe sistema comercial.”
      Devido ao tamanho da cidade, demoraria para chegar próximo ao centro, além de ser cansativo, Vishnu optou por irmos de trem, já que era gratuito comparado com os ônibus flutuantes. Perto do portão sul, onde havíamos entrado na cidade, estava uma estação, muitas pessoas aguardando pelo trem, havia uma placa com contagem regressiva, indicando quanto tempo falta para o veículo passar, não demorou muito e o trem chegou, era diferente, flutuava sobre os trilhos, quase totalmente fechado, exceto pelas janelas muito escuras, o vagão onde entramos lotou, James não gostara da situação.
_Maldito sistema de transporte gratuito.
_Se você pagar o aeróbus nós vamos com você.
_Não obrigado.
_Aliás, o que você está fazendo aqui?
_Preciso fazer uma compra também.
     Vishnu, assim como eu, sentiu que James soltou uma desculpa para não contar o real motivo, o desconforto causado pelo aperto de pessoas foi compensado com a sensação de flutuar sobre o chão, ficamos em pé, já que todos os bancos estavam preenchidos, a iluminação era luzes de neon azul e verde percorrendo o teto, eram agradáveis de se olhar, emitiam ondas de energias para manter a calma, para mim o maior problema foi ficar do lado de uma serpente humanoide mal encarada, iria demorar até me acostumar com essas criaturas.
      Após o trem passar pelo setor oeste, chegamos próximo ao centro, onde desembarcamos, a estação era maior, devido ao fluxo intenso de pessoas neste local. A arquitetura mudou completamente, estávamos entre prédios de zonas três e quatro, lembrando grandes centros urbanos, população mais concentrada, não notei outros veículos de transporte além do sistema ferroviário, aeróbus e pequenas bicicletas motorizadas, a maioria caminhava a pé e quando quisessem ir para outros setores geralmente pegavam o trem.
      Aqui o contraste entre as variadas criaturas inteligentes era maior ainda, algumas com seis olhos, outras com quatro braços, fora as que se assemelhavam a animais, somando com criaturas que me lembrava extraterrestres, a verdade é que por dentro estava aterrorizado, Vishnu notou isso, me apresentando mais explicações.
_Aqui há muitas categorias de consciências, o astral é o plano mais acessível, permitindo a evolução de acordo com a vontade do ser.
     “Entre as mais variadas formas de consciência, a principal, na esfera terrestre, são os humanos, que possuem diversas divisões, a maioria na forma ao qual os encarnados estão acostumados, já que o maior trânsito de vida física astral é desta categoria, porém há aqueles que decidiram mudar sua própria aparência, adaptando às suas necessidades ou recusando a reencarnação, na primeira opção temos as formas de animais humanoides, escolheram ser assim devido a afinidade com determinado animal ou vontade de ter o sentidos deste, na segunda opção ocorre uma deformação no corpo astral, já que a recusa em reencarnar acarreta em danos no próprio corpo, além disso temos diversas outras formas, como vampiros, centauros e criaturas conhecidas somente no físico pela mitologia. Outra categoria de consciência são os elementais, que não encarnam no físico, possuindo sistema energético diferente, são as sereias, gnomos, fadas, elfos, etc, há também os devas, também chamado de anjos, dedicados a manter a ordem no astral, fora as egrégoras que adquiriram consciência, extraterrestres e muitas outras. O que mais nota-se é que espíritos não podem se tornar elementais ou devas e vice-versa, são categorias de consciência diferentes, e podem, no máximo se assemelharem.”
_E os animais?
_Também reencarnam e estão suscetíveis as mesmas leis da evolução, com o aprendizado acumulado durante suas vidas, chega um momento em que os corpos físicos animais não conseguem mais comportar a complexidade da consciência e acabam evoluindo para a forma humana.
_Então o espírito dos animais se tornam humanos depois de muitas vidas de experiência acumulada?
_Exatamente, assim como os vegetais e minerais, na verdade a vida começa no mineral, depois vegetal, então animal e por fim humano, mas este não é o último estágio, pois há níveis superiores ao quais os encarnados desconhecem. No animal a encarnação é complexa e vai evoluindo gradualmente de acordo com o corpo que suporta, inicia-se nas esponjas, passa pelo invertebrados e no último estágio são mamíferos, os macacos são os mais próximos, não é atoa dizer que viemos dos macacos, fisicamente não, mas astralmente sim.
      Ao andarmos mais um pouco nos aproximamos de uma região com muitos cassinos, Camila se empolgou.
_Vishnu, vamos jogar, vamos, por favor.
_Não vejo motivo para isso.
_Ah por favor, vamos jogar, vamos.
_Está bem, vai ser útil para o Gabriel conhecer melhor, vamos indo.