sábado, 4 de dezembro de 2010

Crônicas Omne 1x06

 
Capítulo 6: O livro amaldiçoado
“Nem tudo o que reluz é ouro.”
Ditado popular

     Gabriel refletia em sua cama tudo o que estava acontecendo, ao olhar pela janela, o pôr do sol nos campos vastos, ao lado da cidade, a sensação que lhe passava era de ansiedade, tristeza e esperança, na noite a face escura do mundo desperta sua luz para verdade.
     Jones entrou no quarto, sendo bem recebido, pois Gabriel lhe deve, afinal apontou um caminho em meio ao desespero.
“Olá tio.”
“Olá Gabriel, como está?”
“Um pouco melhor, pelo menos tenho algo para me guiar, ainda assim, é tão diferente, tão surreal.”
“Entendo, sei como se sente, a família Egne sempre demostrou essa curiosidade aguçada, está no sangue. Como está Lucian?”
“Ele é diferente do que imaginava, apegado a matéria, como pode alguém que liberta as pessoas para a verdade ser dessa forma?”
“Lucian sempre acaba passando essa impressão, não se engane por tudo aquilo que vê Gabriel, os olhos podem enganar”.
     No inicio da noite, Gabriel foi até o local combinado por Alexandre, ao chegar lá não encontrou os outros membros.
“E os outros Alexandre?”
“Daqui a pouco chegam, gostaria que você viesse comigo até Lucian, conhecer mais como funciona o sistema que compreendemos.”
     Os dois andaram algumas quadras até chegarem em um grande pavilhão, entrando por uma porta ao lado acessando uma pequena sala como uma secretaria, onde o guarda, mesmo da boate, estava protegendo a porta de entrada, após o reconhecimento energético, entraram. No local, muitas caixas embaladas, destinandas para vários lugares do mundo, pequenos carros de carga transportavam caixas maiores para outras salas do local, curioso, Gabriel observa algumas abertas, notando latas em isopores, se lembrando das palavras de Lucian que não somente trabalhava com grupos de investigação, antes de questionar Alexandre, encontraram-no endereçando cartas.
“Soube que o caso de hoje é difícil.”
“É de nível três, iria passar para o terceiro grupo, porém sua habilidade no trato de objetos encantados me fez passar ao quinto grupo, além disso vai servir como boa experiência, especialmente ao Gabriel.”
“Do que se trata?”
“Um suposto livro realizador de desejos que vem matando quem as escreve nele, tome o endereço, último local onde ocorreu o incidente. Antes de vocês irem, gostaria de conversar com Alexandre a sós, então por favor Gabriel.”
“Claro.”
     Após Gabriel sair da sala, Lucian voltou a Alexandre.
“Até quando isso vai durar?”
“Ele não está pronto ainda.”
“E quem define quando ele está pronto ou não?”
“Você sabe quem, além disso, não estou prejudicando seus negócios, pelo contrário, não é mesmo?”
“Esse não é o problema, Eric falou comigo ontem, ele vem notando uma sensação estranha, e você sabe o porque, não pode ficar andando de um lado para outro desse jeito.”
“Não se preocupe, tomei minhas precauções logo antes de vir.”
     Ao saírem do pavilhão os outros membros estavam esperando.
“Qual será o caso de hoje?”
“Nível três.”
“Três? Como Lucian pode entregar um caso de nível três?”
“Será uma boa experiencia, logo poderão ingressar no quarto grupo. O local é um pouco longe, Eric , leve-nos até este endereço.”
     Alexandre passa as informações básicas, montando um plano.
“Susana, você continue procurando por vestígios dos vermes astrais.”
“De novos os vermes? Por que sempre eu tenho que fazer isso? O Eric tem mais experiência nisso, ele pode muito bem cuidar disso.”
“É justamente por você não ter experiência nas criaturas do astral que lhe cabe este objetivo, por estar iniciando precisa lidar com as mais variadas coisas que pode enfrentar em um caso no futuro.”
“O que são estes vermes astrais?” Pergunta Gabriel.
“São criaturas do outro plano de existência, o plano astral, eles vem acompanhados pelos umbralinos até o físico, onde podem provocar diversos distúrbios na saúde corporal, podem ser de diversas formas, mas geralmente assemelham-se a sanguessugas, mas ao invés de sangue, é a energia vital, as pessoas contaminadas com este tipo de ser ficam com uma aparência velha, podendo entrar em um estado psicológico grave, como uma depressão. ”
“Isso não tem nada a ver com minha especialidade.”
“Especialidade?” Perguntou novamente Gabriel.
“Sim, estudo na faculdade de física, meu trabalho no grupo consiste em estudar a física do astral e sua interação com o plano físico, chamada de metafísica, não ficar cuidando vermes astrais.”
“Os vermes astrais tem mais ligação com a metafísica do que você imagina Susana.”
Ao chegarem no local havia duas pessoas mortas, com seus corpos estendidos no chão, não havia marca de ferimentos, o grupo ficou impressionado.
“Não se assustem pessoal, estamos aqui procurando um livro, Eric, vigie a porta, Susana, você sabe o que fazer, Roberto e Gabriel, procurem pelo livro, acredito que em sua capa deva estar escrito em um alfabeto diferente do latino.”
     Não demorou muito até Gabriel encontrar na cama de um dos quartos o livro, como Alexandre havia dito, em sua capa um círculo formado por letras que o desconhecia, chamou Alexandre.
“Como era de se esperar, grande parte dos objetos encantados tem algo escrito neles em outro idioma, neste caso, escrito em runas, vamos preparar as pedras, me ajude Roberto.”
     Alexandre retirou de sua mochila diversas pedras ovaladas, cada uma com uma letra em runas. Os dois as distribuíram ao redor do livro, completando um círculo, enquanto pronunciava algumas palavras.
“Nornes Freyja.”
     Imediatamente o livro abriu-se, virando as páginas até a parte em branco, dava para notar os pedidos que pessoas haviam escritos ali. Alexandre rearranjou as pedras repronunciando a frase, após isso uma esfera de luz roxa saiu em meio as páginas, rapidamente, indo em direção a saída, Eric mal percebeu e já havia caído.
“Eric! Você está bem?”
“Sim, esse foi rápido, me empurrou com força.”
“O que foi aquilo?”
“Como eu pensava, é uma criação mental, aparentemente, adquiriu consciência.”
“Criação mental?”
“Algumas pessoas, tanto benévolas quanto malévolas, criam seres artificiais, pelos alquimistas foram chamados de homúculos, assim como também pode ser designado como criações mentais ou artificiais, este foi um caso de criação artificial que falhou, na tentativa do criador de construir um ser que pudesse realizar seus desejos, fez um livro, o aprisionando para que todas as ordens assim escritas ele possa seguir sem questionamentos, criar um ser já é questionável, imaginem torná-lo escravo, era de se esperar que ele se rebelaria, porém, os encantos fortes demais o prenderam no livro, em sua fúria, todo aquele que escreve pedidos acaba sendo morto.”
“E agora?”
“O ser artificial conseguiu escapar de alguma forma do livro, provavelmente conseguiu energia suficiente para a libertação matando pessoas, ele pode estar em qualquer lugar, não podemos lidar com isso, é um caso muito avançado, passaremos o caso para o primeiro grupo, os repertores mais experientes de Lucian.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário