segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crônicas Omne 1x09

Capítulo 9: O encontro

Qual o sentido da vida, se não nascer, viver e renascer?”
As viagens de Fugit


     O dia iniciava chovendo, Gabriel, novamente em seu quarto, aguardava por oportunidade, sua tia com certeza não lhe daria ouvidos, fugir já não era mais uma opção, restava apenas esperar.
     Huncamé saiu da casa abandonada com seus três servos, ao qual eram tratados como agentes das trevas.
“E então, por onde começamos mestre?”
“Quando detectei uma criação mental, senti seu enorme poder contido, uma pessoa normal não pode controlá-lo, mas eu posso.”
“E como podemos encontrá-lo?”
“Após sentir sua presença tentei atraí-lo, porém uma outra força conseguir aprisioná-lo, fiquei um certo tempo rastreando, até conseguir achá-lo.”
“Onde?”
“No depósito de Lucian Luxiter.”
     Era claro, Huncamé se referia a criatura aprisionada no livro dito amaldiçoado, ao qual a primeira equipe teve que intervir. Ao chegarem no local, estava tudo fechado, Naton encostou a mão em um cadeado que cerrava a porta, abrindo instantaneamente, entrando no pavilhão Huncamé ergueu sua mão como um sensor afim de localizar o livro, em meio ao escuro, de repente, acendera uma luz, era Lucian.
“Huncamé? O que vocês estão fazendo aqui?”
“Já faz muito tempo Lucian, me lembro quando você era apenas um garoto assustado.”
“O que vocês querem?”
“Uma simples mercadoria, um pequeno livro, escrito em runas, deve conhecer.”
“Não posso entregá-lo.”
“Entendo, você não trabalha de graça, Kalu.”
     Kalu materializou um tonel completo com ectoplasma.
“Acredito que assim fica mais fácil.”
“Quanto de ectoplasma tem neste tonel?”
“Vinte e cinco quilos.”
“É mais que a quantidade total de energia vital de um ser humano.”
“Tentador, não? Facilite as coisas Lucian, uma simples troca.”
“Está bem, mas com uma condição.”
“Qual?”
     Enquanto isso, Alexandre falava ao telefone.
“Escute, eu sei que você não quer falar comigo, após todos esses anos, mas preciso de sua ajuda, eu tenho uma pessoa que você gostaria de conhecer, por favor, assim que ouvir essa mensagem me comunique.”
     Alexandre ia em direção a casa de Gabriel, o céu parava de chover, enquanto ficava nublado, ao chegar, notou grades soldadas na janela do quarto de cima, subindo em cima da casa, conseguira arrebentá-lo mais ou menos com facilidade, Gabriel ouviu o barulho enquanto dormia, ao levantar percebeu quem era.
“Alexandre? O que você está fazendo aqui? Olhe o que você fez aqui!”
“Não se preocupe Gabriel.”
“Se minha tia lhe pegar vendo isso, ela vai ser capaz de colocar a culpa em mim!”
“Gabriel...”
“Olha isso!”
“Gabriel! Acalme-se, você quer embora?”
“Embora?”
“Sim, sair daqui, há algumas coisas que quero lhe mostrar, você não aguenta mais ficar, não é mesmo?”
     Ouviu-se passos em direção a porta, Alexandre olhava em sua direção, como sabendo quem era, ao abrir, Isabel.
“Você!”
“Olá tia Isabel.”
“Vocês se conhecem?” Perguntou Gabriel.
“O que você quer aqui?”
“Vim buscar o Gabriel.”
“O que você quer com ele?”
“Você não acha que está na hora?”
“Hora de que?” Assustado falou Gabriel.
“Gabriel, você não quer a verdade do mundo?”
“E do que adianta? Eu sou me deparei com crueldade nisto tudo.”
“Aqui você tem duas escolhas, ficar com sua tia, continuar seus estudos, ter um emprego, uma família, envelhecer e morrer, ou vir comigo e descobrir como o universo pode ser grande.”
     Por um momento Gabriel olhou para sua tia, ela fez uma expressão que desta vez daria uma escolha.
“Eu vou ir, quero saber o que se esconde por trás de tudo o que presenciei.”
“Arrume então suas coisas Gabriel.”
“Você tem certeza disso?”
“Sinto muito tia, eu realmente tenho que ir, é isso o que quero para mim, uma vida de verdades.”
     Após saírem, Gabriel sorri.
“Obrigado tio Jones, obrigado tia Isabel.”
     Enquanto andavam, Gabriel revelou a Alexandre um fato curioso.
“Não sei porque, mas sinto que lhe conheço.”
“Deve ter sido em sonho.”
“Sonhos...foram interessantes nestes últimos tempos.”
     Em uma das ruas, a dupla e Huncamé com seus servos se cruzaram.
“Ora ora, que surpresa.”
“Não, não, não, você! Você é o Huncamé, eu tinha sonhado com você.”
“A questão é que não foi apenas um sonho, não é mesmo, Vishnu?”
“Vishnu? Então você é o Vishnu, Alexandre!”
“É, Alexandre foi um nome que criei para os repertores não suspeitarem.”
“Foi você que me curou, eu lhe devo muito.”
“Não se preocupe com isso, é meu dever ajudá-lo, escute, as coisas aqui vão ficar perigosas, vá até este endereço.”
“E quanto a você?”
“Vou ficar bem, vejo você lá, agora vá.”
     Após Gabriel partir, Vishnu encarou Huncamé.
“Então Gabriel se tornou seu pupilo.”
“Ele é uma boa pessoa, ele merece conhecer o outro lado, é seu desejo saber a verdade.”
“E seu desejo é guiá-lo então, pode ir, eu não me importo.”
“Acha realmente que vou permitir que você ande por aí? Ainda mais com esse livro, como conseguiu?”
“Negócios negócios, amigos à parte.”
“Lucian...aquele traidor.”
“Está na hora de mudar este mundo.”
     Huncamé abriu o livro até a metade, um vapor fino de aspecto roxo emergiu, vozes eram ouvidas no ambiente.
“Pare com isso!”
“E o que você vai fazer?”
     Huncamé cruzou seu braço criando um campo que empurrava o ar, atirando Vishnu ao longe.
“Seus poderes não são nada comparados ao meu, não vou permitir que você interfira em todo o trabalho de ectoplasma que arranjei.”
     Uma mulher de cabelos ruivos se aproxima de Vishnu, ajudando-o a levantar.
“Talvez ele não, mas eu vou derrotá-lo Huncamé.”
“Sarah!”

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