sábado, 6 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x01

Crônicas Omne Volume 1


Capítulo 1: Ser

 
“E no começo havia o caos e os noves guardiões organizaram o caos, esta foi a primeira vinda(...)”
O livro da ordem Vol 1 Cap 1

     Gabriel acorda exausto, olha suas mãos para perceber se ainda estava sonhando, em seu quarto uma pintura do sistema solar, ainda com o nono ex-planeta, a dor de cabeça era suportável, mas incomodava, precisava lavar o rosto, checar como estava o lado de fora, noite agradável para um pesadelo, onde anjos faziam carnificina com humanos e criaturas horrendas devoravam suas partes em um céu assustador que cuspia fogo, nada demais, precisava acordar cedo, para mais um dia rotineiro e tedioso, a vida parece tão sem graça, vendo pessoas indo e vindo com propósitos semelhantes.
      Durante o dia, Gabriel, caminhando para o colégio, cabeça baixa, como se a percepção do mundo estivesse sendo fragmentada, na escola, nada bem, notas baixas, não tinha motivação para estudar, isolado, sem muitos amigos, aos quais também evitava presença, perguntava se era merecedor de sentimentos, como amizade, sua atenção estava descuidada, rabiscava nos cadernos paisagens de um mundo imaginário. O sinal toca, sua professora queria falar com ele, mais uma daquelas lições de moral, perda de tempo.
“Gabriel, o que está acontecendo?”
“A senhora não entenderia...”
“Você era um aluno exemplar, e agora neste estado, preciso falar com seu responsável”
“Minha tia...ela não...de novo não...”
“Entregue esta carta a ela, uma solicitação para vir aqui”
      Gabriel não queria entregar a carta, da mesma forma que não queria problemas.
“Sarah...gostaria que você estivesse aqui...”
      Sarah, irmã de Gabriel, 26 anos, ruiva, era a única amiga verdadeira que seu irmão considerava, mas após um conflito familiar com sua tia Isabel a seis anos ela absteve-se de aparecer em casa, a última notícia é que trabalhava como enfermeira em uma cidade vizinha.
      No hospital onde Sarah trabalha um amigo antigo aparece, alto, olhos verdes e uma grande expressão de nobreza, Vishnu Delta como era conhecido, mas ao encontrar a irmã de Gabriel não parecia contente, em seus olhos notava-se preocupação, passaram a dialogar:
“Olá Sarah”
“Vishnu? O que faz aqui? Está infligindo uma lei de lá”
“Tenho permissão do conselho, não sou quem quebrou as regras”
“Não me diga que...”
“Sim, ele está aqui, ou mais precisadamente, na cidade de seu irmão, ele pode fazer algo, devemos estar atentos”
“Gabriel...precisamos fazer algo, se eles se encontrarem...ele não está preparado para isso, tão longe qualquer um, Vishnu...”
“Você sabe que sempre preferi a verdade do que este mundo de ilusões, não posso lhe prometer que conseguirei cobrir tudo quando chegar lá”
“Obrigada”
      Gabriel mora na casa de seus tios, Isabel e Jones, desde cinco anos de idade, seu pai foi um renomado psiquiatra que matou a própria esposa e após cometeu suicídio, desde então tornou-se reservado e solitário, desejando que este mundo fosse apenas mentira, tal como o sonho, Isabel é muito rigorosa e ele não a tem com muito respeito devido a Sarah, Jones possui uma expressão imparcial. Era momento do jantar, como em todas as outras ocasiões o silêncio pairava no ar até então.
“Gabriel, andei olhando em sua mochila e encontrei uma carta de sua professora”
“Eu ia lhe entregar”
“De dois dias atrás? O que eu falei sobre mentir, além disso uma reunião acerca de seu baixo desempenho? Por que, pelo menos uma vez na vida, você não se comporta como uma pessoa normal?”
“Porque, devido a sua falta de discernimento, Sarah não está mais aqui, porque não aguento mais isso, todos os dias é sempre as mesmas conversas, mesmas rotinas, vou para meu quarto”
“Gabriel!”
“Deixe ele Isabel”
“Mas Jones...”
“Cada vez mais parecido com ela, não é mesmo?”
“Acho que está no sangue dessa família, só não sei dizer se é uma benção ou maldição”
      Em seu quarto, Gabriel refletia, queria tomar uma decisão, de ir embora, procurar Sarah, e após algum tempo concluiu, largar tudo para recomeçar a vida, arrumou em uma pequena mochila algumas roupas e partiu, pela janela, enquanto seus tios dormiam. Cruzar as ruas na cidade noturna vendo o submundo era uma tarefa difícil, liberdade sem restrições beiravam a anarquia, prostituição, mercado negro, tráfico, tudo claramente visível, mas para alguém que abandonou uma vida não parecia uma tarefa árdua, basta entra em colapso consigo mesmo para perceber, talvez isso seja o motivo daquelas pessoas que vivem dessa forma, em um mundo cada vez mais triste, alguns escolhem fugir de tudo que pode representar uma vida onde nascer-viver-morrer não é bastante, no fundo todos acabam tendo o mesmo sentimento.
      Diante daquelas avenidas, cada vez mais escuras, Gabriel depara-se com algo estranho, um carro escuro lhe seguia a alguns metros, semelhante a uma van, na tentativa de despistá-los dobrava cada rua que visse, até mesmo contornando a mesma quadra, mas pareceu ser uma tarefa impossível, como se eles pudessem adivinhar cada passo seu.
      Quando o carro ficou próximo, seu corpo inteiro paralisou, não podia correr ou gritar, foi uma situação de grande pânico, podia ouvir o coração batendo em grande intensidade, o carro parou descendo três pessoas com capuzes negros que cobriam toda a face, amarram Gabriel pelas mãos e pernas, além de ter sido vendado seus olhos e boca, foi jogado para dentro. Após algum tempo o carro parou, foi sentado em uma cadeira, o ambiente fedia como carne em decomposição, as vendas foram retiradas, o ambiente estava em quase penumbra, os murmúrios entre aquelas três pessoas que lhe raptaram era de um idioma diferente. Um dos homens se aproxima:
“Quem é você? Por que estão fazendo isso comigo?”
“Calado garoto, amanhã você vai acordar sem lembrar de nada, apenas coopere”
      Uma outra pessoa, com um manto negro aparece:
“O mestre chegou, ele quer falar com você”
“Droga, bem na hora que eu iria apreciar o medo e desespero”
      Os dois saíram para a sala de entrada da casa abandonada onde estavam, uma quarta pessoa entrou ao qual foi referido como mestre Huncamé, cabelo longo e escuro, sobretudo negro com uma divisa perto do pescoço, e uma máscara semelhante as usadas na cultura maia, exalava medo no ar. Após conversarem durante alguns minutos, Huncamé entrou na sala principal, com um olhar penetrante e uma voz aterrorizadora, fala com Gabriel:
“Qual o seu nome?”
“Ga-Gabriel...”
“Qual o seu propósito?”
“O que? Eu fui raptado, quer me soltar logo?”
“Corajoso, como sua irmã”
“Como sabe dela?”
“É uma longa história, posso ver em sua assinatura energética o parentesco”
      Era notório em Gabriel a tristeza e desesperança, ao Huncamé perceber isso, inesperadamente deu uma ordem:
“Solte o garoto”
“Senhor...”
“Faça”
Gabriel foi solto, ao perceber disso, correu para fora.
“Mestre Huncamé...”
“Conheci ele anos atrás, quando era um bebê ainda, pode ser eventualmente útil, mas sua miopia para a verdade é grande, não servirá para nada, somente fornecer ectoplasma por enquanto, não há necessidade de mantê-lo trancado.
      Ao chegar na rua, Gabriel estava assustado, em pânico, ao perceber, uma luz em sua direção, um caminhão, arrebentando-o para longe, seria esse o fim?

Um comentário:

  1. Show parece um filme so que bem mais detalhado Continue assim

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