sábado, 6 de novembro de 2010

Crônicas Omne 1x02

Capítulo 2: O acidente

“Na noite em que o vazio cruzou o céu surgiu o ser humano(...)”
O livro da ordem Vol 3 Cap 10

     Deitado na rua, vendo o céu noturno, sem conseguir se movimentar, estava Gabriel, ironicamente, mais calmo, desce o caminhoneiro:
“Você está bem?”
     Com grande dificuldade de respirar e falar responde
“Não consigo me mexer”
“Já chamei uma ambulância, há algum parente que posso chamar também?”
“Minha irmã...Sarah...trabalha no hospital principal da próxima cidade”
      A ambulância chega, os hospitais da cidade estavam todos ocupados, portanto seria levado à próxima cidade, Vishnu vigiava a distância, aparentemente tinha chegado tarde demais. Ao chegarem no hospital estava Sarah.
“Gabriel! O que aconteceu com ele?”
“Atropelado por um caminhão, está perdendo muito sangue, precisamos fazer uma transfusão imediatamente”
“Maninha...”
“Eu posso doar, ele é meu irmão”
      Após várias horas, Sarah recebe uma triste notícia, Gabriel teve um grave lesão na medula espinhal o deixando tetraplégico, não poderia mover mais as pernas e braços, ao entrar no quarto Gabriel acabara de acordar.
“Sarah, tive um sonho muito estranho...o que foi? Por que não consigo me mexer?
“Você ficou tetraplégico Gabriel”
“O que? Como assim?”
     Gabriel tentava desesperadamente movimentar-se, o máximo que conseguia era o pescoço”
“Não, não!”
“Gabriel...”
“O que vou fazer? Como vai ser minha vida neste estado?”
“Nossa tia está vindo lhe buscar, e preciso ir embora, sinto muito Gabriel”
“Sarah! Por favor, volte, olhe para mim, Sarah!”
      Partindo do quarto, Sarah chorou desesperadamente, Vishnu tenta consolá-la.
“Sinto muito Sarah, não deu tempo”
“Então essa é sua desculpa? Não deu tempo? Sabemos que você tem medo Vishnu, medo de quebrar as regras”
“Sabe que não posso interferir, seria ir contra o conselho, passariam a achar que estou do lado de alguma legião das trevas”
“Se preocupa mais consigo mesmo do que com as pessoas ao redor, seu poder de cura se torna inútil quando não quer usá-lo”
      Em meio a discussão, aparece Huncamé.
“Ora ora, se não é a dupla de deprimidos”
“Você! É tudo culpa sua!”
“E parece estarem cegos aos domínios do astral”
      Sarah, em um ataque de fúria, através de suas habilidades psíquicas, consegue levantar Huncamé pelo pescoço.
“Me dê uma razão para não dissolvê-lo agora”
“Simples, você não pode, julgando Vishnu por sua incompetência, mas não quer também quebrar as regras, não, isso lhe amedronta, desde a última vez”
“Não quero ver você mais por aqui”
“Tolos, enquanto esse medo preenchê-los a guerra se alastrará até o físico, e quando isto acontecer...não terão nenhuma chance”
      Huncamé desaparece, usando uma habilidade de eterização, onde as partículas de matéria passam a vibrar em outra frequência, o indivíduo passa a ficar invisível gradativamente até adentrar em outro plano de existência.
“Huncamé tem razão Sarah, o conselho não se importa mais com a guerra, e ela está cada vez mais notável, não podemos ficar de braços cruzados”
“O que você planeja?”
“Agir, recrutar, os Mensageiros das Sombras estão escasso em pessoas, principalmente de projetores, precisamos estabelecer um grupo independente, que possa combater”
“Mas o conselho...”
“Dane-se o conselho, o que mais importa para você? A salvação do mundo ou o alastramento das trevas?”
“Como faremos isso?”
“Você precisa ir para Confugii, falar com Marcos, vou resolver alguns problemas aqui no físico, por enquanto seremos os mais discretos possíveis, lembre-se que nem todos estão preparados para ver”
      No hospital, Isabel chega para buscar Gabriel.
“O que você fez”
“Não tenho que lhe dar satisfação”
“Vamos embora”
      Gabriel, em uma maca, foi posto em uma ambulância, sua expressão era de alguém que tinha desistido da vida, após chegar em casa, só podia ficar em sua cama, vendo a pintura do sistema solar, tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe, não podia estender o braço para tocá-lo como queria, a chuva começava, as cortinas da janela lhe impediam de ver, apenas ouvir o som que lhe marcava como o fim de sua vida.
      À noite, após várias horas tentando dormir, Gabriel entrou na fase de sono, se vendo em um cemitério, podia movimentar seus membros, mas seu estado de pouco lucidez lhe impedia de notar suas próprias características, caminhava em direção a uma luz azul em meio a névoa densa, ouvindo murmúrios, os túmulos, de características medievais, aparentavam se mexer, o cheiro lhe lembrava quando fora raptado e o chão não parecia firme, ao caminhar um pouco mais notou um suave som de vibração vinda da luz em forma de esfera, se aproximando, pode notar que ela flutuava acima do teto de uma cúpula que estava enterrada, exceto pela parte de cima, a esfera era hipnotizadora, emitindo um sensação agradável de paz, queria tocá-la e ao tentar um homem lhe impediu.
“Isto pode ser perigo Gabriel”
“Quem é você”
“Sou conhecido como Vishnu, um amigo antigo de sua irmã, esta esfera de luz serve para atrair certas consciências que estão perdidas entre os cemitérios e querem se redimir, esta sensação de paz ajuda em sua busca, já que é o que desejam, para você estar aqui deve estar procurando paz, não é mesmo?
“Não...”
“Não não preocupe Gabriel, ainda que eu caminhe no vale das sombras”
“Não temerei mal nenhum...Como posso confiar em uma suposta divindade quando não posso movimentar meu corpo?”
“Tem certeza que você não o está movimentando?”
      Gabriel olha a si mesmo e por um momento fica lúcido, notando que podia movimentar-se, mas sua euforia foi excessiva, acabando por acordar, percebendo que seus braços e pernas não se mexiam”
“Foi só um sonho...”
      Vishnu estava do lado dele, ainda que não podia percebê-lo ou ouvi-lo, sussurrou em seus ouvidos:
“Por que o senhor estás comigo...vai ficar tudo bem Gabriel”

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